quarta-feira, 25 de novembro de 2015

25/11/2015 às 00h36

Células-tronco podem ser futuro para salvar pacientes que necessitam de reconstrução óssea

Estudo de brasileira já apresenta bons resultados para tratar lábio leporino 
 
Estudo de células tronco é esperança dos médicos sobre futuro da medicina Thinkstock
 
A reconstrução óssea por meio de células-tronco já não é uma realidade tão distante e poderá ajudar a pessoas com deficiências de nascença ou até mesmo com traumas por causa de acidentes. Segundo estudo de Daniela Bueno, especialista em genética humana e células-tronco pelo Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo) e pesquisadora do Hospital Sírio-Libanês Daniela Bueno, o tratamento salvará pacientes que sofrem com lábio leporino, por fazer crescer a formação óssea do céu da boca com eficiência e com custo até mais baixo. A doença é uma malformação, que divide o lábio superior em duas partes, mas pode atingir todo o céu da boca e a base do nariz, e que provoca má nutrição, distúrbios respiratórios, problemas de fala e audição, infecções crônicas, alterações na dentição e afeta um em cada 650 brasileiros.
Em sua pesquisa, a cientista utilizou células-tronco da polpa do dente de leite, a parte mais interna do dente, para tratamento a laser em pacientes com lábio.
Daniela explica que células podem dar origem a diferentes tecidos, como músculos, gordura e cartilagem. Além disso, estão presentes no organismo durante a vida toda e são as responsáveis pela manutenção dos nossos tecidos.
—Temos células-tronco em diferentes partes do corpo, mas cada região tem um tipo de célula, que podem formar outros tipos de tecidos. Trabalhamos com reabilitações e deficiências ósseas e, muitas vezes, para reabilitar são necessárias grandes quantidades de ossos. Em uma criança, às veze, isso não é possível. Na fissura do lábio leporino, por exemplo, é possível fazer a reabilitação por meio do uso de células-tronco a laser, isso é a chamada medicina regenerativa.
Sem essa novidade na medicina, é necessário fazer “pelo menos três cirurgias para reabilitar os pacientes de lábio leporino”: fechar o lábio, cirurgia que acontece entre três e seis meses de idade; depois fechar a fenda do céu da boca, aos dois anos; e o enxerto, que acontece entre oito e 12 anos de idade.
— Precisamos remover uma parte do osso da bacia e colocar para fechar o defeito ósseo na gengiva. Mas isso é muito doloroso. A criança precisa ficar internada por mais tempo, e o tempo de cirurgia é muito maior. Com o avanço da medicina regenerativa, retiramos as células-tronco da polpa do dente de leite, visto que toda criança entre os cinco e 12 anos de idade vai perder o dente, e o enxerto é feito nessa mesma idade.
Segundo Daniela, já foram feitos testes em laboratório, teste em animais de pequeno e grande porte, e já estão testando o procedimento em humanos. Ela optou pelas células-tronco da polpa do dente de leite porque elas conseguem formar mais tecidos, são as chamas células-tronco mesenquimais.
— Mostramos em laboratório que elas dão origem a músculos, osso, cartilagem e gordura. Passamos pelos testes em animais e ficou claro que a célula consegue formar os ossos.
Em cerca de seis meses é possível perceber que a formação óssea aconteceu e fechou a fissura lábio palatina [do céu da boca], nos pacientes, diz a pesquisadora.
Para Daniela, sua pesquisa é só o início de um futuro promissor sobre o estudo de células-tronco.
— Quando as pessoas falam de células-tronco, elas só pensam em doenças muito graves, como o câncer, mas se em doenças mais simples como a reconstituição óssea do lábio leporino tivemos sucesso, se conseguimos refazer o osso de uma fissura lábio palatina, é possível fazer a reconstituição de uma pessoa que perdeu parte do crânio em um acidente, ou até mesmo de um filho que quebrou o braço andando de bicicleta.
Menos agressiva e mais barata
Além de ser mais uma novidade promissora, o fundador e titular da ABCCMF (Associação Brasileira de Cirurgia Crânio-Maxilo-Facial), de Diógenes Laércio Rocha, a pesquisa também é benéfica para os pacientes, por dois motivos: é menos agressiva e também mais barata.
— Retirar a célula-tronco do dente de leite não é caro, porque toda criança vai perder o dente, e quanto menos cirurgias, menor o gasto com hospital, médicos, anestesia, entre outras coisas. Sem falar que a criança vai sentir muito menos dor.
Doação de célula-tronco
Na opinião de Daniela, é possível a doação de células-tronco. Para ela, não há nenhum tipo de rejeição, já que elas conseguem se adaptar ao organismo, mas ressalta que é preciso mais pesquisas para afirmar cientificamente que uma célula-tronco de uma pessoa pode ser usada no tratamento de outra.
— Utilizei células-tronco humanas para fazer osso nos ratos, e isso não causou nenhum tipo de reação imunológica. Pode até ser possível que elas possam funcionar para qualquer tipo de pessoa, mas isso precisa ser pesquisado e comprovado ainda. Os estudos demoram muito, porque é algo que pode não ter rejeição hoje, mas daqui a dez anos mais ou menos.
*Colaborou: Brenno Souza, estagiário do R7
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/celulas-tronco-podem-ser-futuro-para-salvar-pacientes-que-necessitam-de-reconstrucao-ossea-25112015

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