sexta-feira, 27 de novembro de 2015

26/11/2015 às 16h05 (Atualizado em 26/11/2015 às 16h07)

Usuários da CPTM (SP) podem fazer teste de HIV e sífilis gratuitos 

Ação ocorre nos dias 2, 3 e 4 de dezembro, na estação Itaim Paulista
 
Ação acontece de 2 a 4 de dezembro Reprodução/Coren-RN
Pessoas que circularem na estação Itaim Paulista, da CPTM (Companhia de Paulista de Trens Metropolitano), de São Paulo (SP), poderão fazer testes gratuitos para HIV e sífilis entre os dias 2 e 4 de dezembro. A ação acontece das 9h as 16h; e a expectativa é realizar cerca de 400 exames de detecção das doenças.
De quarta a sexta-feira, os usuários farão o teste em um trailer estacionado em frente à estação. A ação é realizada em parceria com a Secretaria da Saúde.
Responsável pela campanha, a coordenadora do CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento), Vângela Rezende, explica que o objetivo é superar a ação de julho, que realizou 130 testes na estação e detectou dois casos positivos de HIV.
— O único instrumento de prevenção a essas doenças é o preservativo. Queremos que ele seja o mais popular possível.
Ações na Estação da Luz e Tatuapé
Outras duas estações da CPTM receberão ações de conscientização sobre a doença na terça-feira (1): a Estação da Luz, e a Estação Tatuapé, também das 9h às 16h.
Na Estação da Luz, a ação preventiva é em parceria com o Centro Franciscano de Luta contra a Aids (Cefran), que distribuirá material informativo para os usuários no saguão principal, além de esclarecer dúvidas sobre transmissão, diagnóstico e tratamento.
Já na Estação Tatuapé, a campanha é conjunta ao Instituto Vida Nova e à Associação Civil Anima, que realizarão a primeira “Mostra contra o Preconceito e Discriminação”. O objetivo é mobilizar a sociedade para o combate a qualquer indiferença em relação a portadores do HIV e disseminar o conhecimento sobre a Aids.
Haverá exibição de vídeos com depoimentos de pessoas infectadas e quem passar pela estação terá acesso ao material informativo sobre a doença. Além disso, a cada 90 minutos o Grupo Teatranima apresentará duas esquetes que retratam o diagnóstico e o convívio de um soropositivo no ambiente escolar.
Sobre DST
Segundo o Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, cerca de 734 mil pessoas são portadoras do HIV no Brasil, das quais 145 mil não têm o vírus diagnosticado.
Os testes para diagnose são rápidos, realizados a partir da coleta de uma gota de sangue extraída da ponta do dedo. Em apenas 20 minutos o usuário poderá fazer o teste, conhecer o resultado e receber o aconselhamento necessário.
O teste para sífilis também é feito em 20 minutos. A doença pode se manifestar em três estágios e as pessoas sexualmente ativas devem realizá-lo. As gestantes principalmente, pois a sífilis congênita pode causar aborto.
Serviço:
Ação Preventiva sobre a Aids
Local: Estação da Luz, linhas 7-Rubi e 11-Coral
Data: 1º de dezembro, terça-feira
Horário: Das 9h às 16h
1ª Mostra contra o Preconceito e Discriminação
Local: Estação Tatuapé, linhas 11-Coral e 12-Safira
Data: 1º de dezembro, terça-feira
Horário: Das 9h às 16h
Teste de HIV e Sífilis
Local: Estação Itaim Paulista, na Linha 12-Safira
Data: 2 a 4/12, quarta a sexta-feira
Horário: Das 9h às 16h
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/usuarios-da-cptm-sp-podem-fazer-teste-de-hiv-e-sifilis-gratuitos-26112015

Queridos leitores, deixem de lado o preconceito para com os Testes de HIV e Sífilis fazendo-os nos dias 2-4/12, das 9:00-16:00hs., na Estação Itaim Paulista, na Linha 12-Safira. 
Muitas pessoas vivem com o HIV há anos e nem sabem ou desconfiam. Você vai passar por lá, aproveita e faz os Testes. Se você já se cuida, ótimo, continue assim, mas não deixe de fazer os Testes mesmo assim. Se ainda não tem nenhuma informação sobre as doenças, a hora é essa, se já tem alguma informação, ótimo, mas procure ampliar seu leque de informações. 
Os profissionais de saúde estarão lá para lhe ajudar, os procedimentos são sigilosos. Independentemente do resultado dos exames, sua SAÚDE deve estar em primeiro lugar.    

1/12/2015 às 00h30 (Atualizado em 1/12/2015 às 07h05)

Ser portador de HIV não significa ter Aids. Entenda

Vírus leva até 10 anos para apresentar sintomas e atacar o organismo
 
Apesar de não apresentar sintomas, portador do vírus poderá ransmitir o HIV a qualquer outra pessoa Divulgação / GDF
Há muitos que entendem que HIV e Aids são apenas dois nomes diferentes para a mesma doença. Recentemente, o ator Charles Sheen declarou ser portador do vírus HIV, mas afirmou que não apresenta sintomas da Aids. Mas afinal, qual a diferença entre as duas?
De acordo com a imunologista holandesa, especialista em Aids, Irene Adams, que trabalha no Brasil há quase 30 anos, o HIV é o vírus, que ataca o sistema imunológico do organismo e pode provocar a Aids, que é a doença. A médica explica que, se descoberto no começo e feito o tratamento adequado, a pessoa que porta o vírus pode não apresentar sintoma algum. Ou seja, nem todo portador do vírus apresentará sintomas doença, mas há o risco dela se manifestar.
— O vírus pode levar até dez anos para apresentar algum sintoma, por isso, há muita gente que nem sabe que é portador do vírus e pode acabar transmitindo. Quando a pessoa descobre o vírus cedo, fica mais fácil de controlar.
Apesar de não apresentar sintomas, Irene ressalta que o portador do vírus poderá ransmitir o HIV a qualquer outra pessoa, alerta Irene.
— Não é porque não apresenta sintomas que não vai transmitir. Por isso, é essencial o diagnóstico precoce para o tratamento e a diminuição das chances de transmissão.
Cura para a Aids?
Para a imunologista, a cura da Aids ainda está distante, mas muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas para ampliar as possibilidades de tratamento.
— Atualmente, todos os medicamentos controlam o vírus para que ele não se multiplique no organismo, mas se a pessoa parar de tomar o remédio o vírus volta se multiplicar e ataca o sistema imunológico cada vez com mais força.
Segundo ela, já se estuda um medicamento que ataca o vírus diretamente para diminuir sua concentração no sangue do infectado e, assim, não se manifestar no corpo.
— A ideia é que até 2030 não tenhamos novos casos de Aids no mundo. Essas pesquisas podem fazer com que os portadores cheguem a uma concentração tão baixa que não transmitam mais o vírus a nenhuma outra pessoa, seja por sangue, por seringa compartilhada, por ato sexual, ou de uma mãe grávida para o bebê.
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/ser-portador-de-hiv-nao-significa-ter-aids-entenda-01122015

1/12/2015 às 00h30 (Atualizado em 1/12/2015 às 09h27)

Vivemos um ressurgimento da epidemia, diz pesquisador sobre a Aids no Brasil

Grupos de jovens têm atualmente três vezes mais soropositivos que os das gerações passadas
 
Só em 2013, por exemplo, foram identificados 39.501 novos casos da doença no País Cesar Brustolin/SMCS
Ainda distante de uma vacina ou do remédio que promoverá a cura, o Brasil vive a maior epidemia de Aids de todos os tempos, desde a descoberta do vírus, em 1981. Só em 2013, por exemplo, foram identificados 39.501 novos casos da doença no País. O panorama fica ainda mais nebuloso quando se comparam os indivíduos nascidos nas décadas de 60, 70 e 80 com a geração atual, de pessoas nascidas a partir de 1990 — os grupos de jovens de hoje em dia têm três vezes mais soropositivos do que os de seus antecessores.
O alerta é do pesquisador do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP Alexandre Grangeiro, que avisa que ainda teremos que conviver com o surto de HIV por mais, no mínimo, dez anos.
De acordo com ele, nunca tantos casos foram registrados como acontece hoje em dia. Na opinião dele, trata-se de uma situação "bastante grave", já que, do surgimento, aumento e estabilização já ocorridos no curso do vírus no Brasil, hoje passamos para um ressurgimento de uma epidemia.
— Há uma mudança de comportamento sexual na população, e as novas gerações estão mostrando comportamentos menos seguros que as anteriores. Menor uso de preservativo, menor frequência de testagem, menor consciência em relação à gravidade da epidemia. No entanto, mesmo que a vacina não surja, podemos dar conta de conviver com esta epidemia ainda hoje. Com os conhecimentos adquiridos pela medicina, hoje em dia já é possível não se infectar. E, se a pessoa se infectar, é possível usar os medicamentes tanto para não transmitir quanto para não morrer por causa disso.
A imunologista holandesa, Irene Adams, que trabalha com Aids há quase 30 anos, concorda com Grangeiro e ressalta que o Brasil é um dos poucos países no mundo que continua com aumento da população jovem infectada pelo vírus HIV.
— O jovem pensa que não vai acontecer com ele e não utiliza os métodos de prevenção. Eles não viveram na época em que as pessoas infectadas sofreram muito e ficaram na mídia, como Cazuza, por exemplo. Essa geração não sabe o mal que a doença pode fazer.
Em contraposição ao aumento dos casos entre os jovens, nos últimos dez anos, a mortalidade por Aids caiu 13% no Brasil, passando de 6,1 mortes a cada 100 mil habitantes em 2004, para 5,7 casos em 2013.
A infectologista Rosana Richtmann, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e membro do CTAI (Comitê Técnico Assessor de Imunizações) do Ministério da Saúde, também considera que as condições para controlar a doença evoluíram.
— HIV hoje é uma doença plenamente controlável. O paciente que leva a doença a sério felizmente não está mais morrendo, porque ela se torna crônica e controlável.
Essa realidade, aliada à consciência de que tanto a sobrevida quanto a qualidade desta sobrevida aumentaram consideravelmente nas últimas décadas, pode ter colaborado para o aumento do comportamento promíscuo da nova geração, de acordo com Grangeiro.
— Junte-se a isso a forma como os jovens veem a sexualidade, como buscam seus parceiros. E isso não é percebido apenas com a Aids, mas também com as taxas de sífilis e gonorreia, por exemplo, que têm aumentado expressivamente. Sem dúvida, viver com HIV hoje é muito mais fácil do que era até o início dos anos 2000. Há, sim, um peso grande do ponto de vista social, com o preconceito, e também a reorganização exigida por causa do tratamento. As pessoas podem até ter uma expectativa de vida muito próxima da população em geral, mas isso não significa que vão ser as mesmas condições de viver.
Transmissão
O HIV pode ser transmitido pelo sangue, esperma e secreção vaginal, pelo leite materno, ou transfusão de sangue contaminado. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre os maiores de 13 anos de idade ainda prevalece a transmissão por via sexual.
Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical.
Irene também chama a atenção para o aumento no número de casos entre idosos. Segundo ela, no mundo inteiro, inclusive no Brasil, muitas pessoas de mais de 50 anos estão descobrindo que são portadoras do vírus.
— O número de novos casos nos idosos é assustador. Com o viagra [medicamento usado para manter a ereção], o homem consegue uma vida sexual depois de certa idade. Além disso, não só no público masculino, mas os idosos são muito mais ativos, não ficam só em casa. Se um idoso perde o parceiro ou a parceira, ele sai e encontra outras pessoas, mas, como se casou muito cedo, não tem costume de usar preservativos, e não sabe se prevenir de doenças transmissíveis, pode acabar se contaminando.
Testes rápidos de HIV
Atualmente, a rede pública de saúde conta com 518 centros de testagem espalhados pelo País. Além disso, como uma tentativa de facilitar o acesso ao diagnóstico, medidas como a ampliação dos métodos de detecção vêm sendo implantadas.
No último dia 20, por exemplo, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou as regras para o registro de autotestes por meio da saliva, a serem futuramente vendidos em farmácias. Com a aprovação, o Brasil passa a ser o quarto país no mundo com regras que permitem a venda de kits de diagnóstico para HIV.
Embora a aprovação tenha gerado discussões como, por exemplo, o risco que um paciente correria ao receber sozinho um diagnóstico positivo, ou a conscientização a respeito da janela imunológica (intervalo de tempo entre a infecção pelo vírus e a produção de anticorpos anti-HIV detectáveis no sangue), Grangeiro vê diversas vantagens na liberação.
— Esta iniciativa permite que um número maior de pessoas realize o teste. Há muitas que não podem ou não querem ir ao serviço de saúde, e o teste vai poder, de forma mais importante, participar do cotidiano preventivo das pessoas, oferecendo autonomia e possibilidade de decisão sobre a prevenção. Já a reação negativa ou a janela, isso existe mesmo nos testes convencionais, de modo que não vejo isso como algo que possa impedir autoteste.
Rosana também considera o autoteste um instrumento útil, que contribui para um melhor controle da doença. Para ela, quanto mais cedo houver o diagnóstico, melhor.
— Quanto mais a gente souber da condição do paciente, se ele tem o vírus ou não, obviamente conseguiremos agir mais cedo. Vejo isso com bons olhos.
Na opinião de Irene, a disponibilização dos testes rápidos não é tão vantajosa. A imunologista ressalta “que quem recebe o diagnóstico positivo pode não estar psicologicamente preparado para isso”.
— Onde trabalho, fazemos uma pré-consulta para trabalhar o emocional da pessoa. Receber o diagnóstico de portador do vírus HIV é muito difícil. Além disso, os testes rápidos não são 100% eficazes, e uma pessoa que é portadora pode ter um resultado negativo e manter os hábitos errados, sem prevenção, e pode transmitir o vírus sem saber, infelizmente a psicologia do humano é assim
Políticas públicas
Apesar do aumento no número de casos em jovens e idosos, Irene ressalta que o País continua trabalhando na prevenção da Aids e na transmissão do vírus HIV com propriedade. Segundo ela, antigamente só era feita campanha de conscientização em datas como o Carnaval.
— Hoje tem propaganda na televisão, até com a mãe do Cazuza. É uma propaganda forte e impactante, essencial para as pessoas perceberem a gravidade da doença. Além disso, antes só havia a obrigatoriedade da notificação de Aids, mas agora é obrigatório notificar portadores de vírus, para se ter um panorama maior do risco no País.
*Colaborou: Brenno Souza, estagiário do R7
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/vivemos-um-ressurgimento-da-epidemia-diz-pesquisador-sobre-a-aids-no-brasil-01122015

1/12/2015 às 12h06 (Atualizado em 1/12/2015 às 12h09)

Brasil registra queda de casos de Aids em 2014, mas número de jovens infectados ainda preocupa

Para ministro da Saúde, juventude não encara a doença com seriedade 
 
Entre pessoas de 15 a 24 anos, aumento no número de casos foi de 36,5% nos últimos dez anos Getty Images
O número de novos casos de Aids no Brasil diminuiu na comparação do ano passado com os registros de 2013. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira (1º), foram 39.951 notificações da doença em 2014, numa redução de 4,4%. No entanto, o crescimento da epidemia entre os jovens brasileiros ainda preocupa o governo.
Entre pessoas com idade de 15 a 24 anos, houve um aumento de 36,5% no número de novos casos de Aids nos últimos dez anos. Só em 2014, o ministério registrou 4.669 notificações da doença, o que configura uma epidemia concentrada nesta faixa etária.
Para o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), estes números mostram descuido dos jovens com relação à doença, principalmente com relação ao comportamento durante relações sexuais. Por isso, eles são o alvo da campanha publicitária do ministério contra a Aids deste ano.
— Temos ainda muitos desafios pela frente. Nos preocupa um certo relaxamento com os jovens. Não podemos descuidar, a Aids é uma enfermidade grave e devastadora, tem de ser encarada com a seriedade devida e estamos preocupados com os jovens. A campanha contempla esse segmento.
Com relação a 2015, o ministério divulgou apenas o número de casos registrados até o fim de junho: 15.181 notificações da Aids em todo o País. Destes, cerca de 2 mil foram detectados em jovens com idade entre 15 a 24 anos.
Nos últimos cinco anos, o Brasil tem registrado uma média anual de 40,6 mil casos de Aids. Só em 2013, por exemplo, foram identificados 41.814 novos casos da doença no País. O panorama fica ainda mais nebuloso quando se comparam os indivíduos nascidos nas décadas de 60, 70 e 80 com a geração atual, de pessoas nascidas a partir de 1990 — os grupos de jovens de hoje em dia têm três vezes mais soropositivos do que os de seus antecessores.
Em contraposição ao aumento dos casos entre os jovens, nos últimos dez anos, a mortalidade por Aids caiu 11% no Brasil, passando de 6,4 mortes a cada 100 mil habitantes em 2003, para 5,7 casos em 2014. No entanto, as regiões Sudeste e Sul foram as únicas que apresentaram tendência de queda. Desde o início da epidemia nos anos 1980 até hoje, o Brasil registrou quase 800 mil casos de Aids ao todo, e investe cerca de R$ 1,1 bilhão por ano no tratamento dos portadores da doença.
Transmissão
O HIV pode ser transmitido pelo sangue, esperma e secreção vaginal, pelo leite materno, ou transfusão de sangue contaminado. De acordo com dados do Ministério da Saúde, entre os maiores de 13 anos de idade ainda prevalece a transmissão por via sexual.
Nas mulheres, 86,8% dos casos registrados em 2012 decorreram de relações heterossexuais com pessoas infectadas pelo HIV. Entre os homens, 43,5% dos casos se deram por relações heterossexuais, 24,5% por relações homossexuais e 7,7% por bissexuais. O restante ocorreu por transmissão sanguínea e vertical.
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/brasil-registra-queda-de-casos-de-aids-em-2014-mas-numero-de-jovens-infectados-ainda-preocupa-01122015  

21/12/2015 às 00h10

Grupos de homens criam táticas para transmitir HIV de propósito

Festas particulares, saunas e casas de sexo são os locais usados para o “carimbo”
Furar a camisinha e fazer sexo sem que o outro saiba da doença são técnicas que os membros do grupo usam para transmitir a doençaGetty Images
Em 2015, um dos assuntos que criou polêmica foi o dos grupos de homens que davam dicas e ensinavam outros a transmitir o HIV para infectar seus parceiros de propósito, como furar a camisinha, por exemplo. Além disso, adeptos da modalidade bareback, na qual gays fazem sexo sem camisinha, eles compartilham dicas de como transmitir o HIV sem que o parceiro perceba. A prática é considerada crime e tem causado preocupação na área da saúde e também no meio LGBT.
Espalhados em sites e blogs pela internet, presentes em saunas, casas de sexo e nas baladas, os barebackers formam o "clube do carimbo", nos quais compartilham diferentes técnicas para fazer sexo sem proteção ou furar a camisinha. Fotos e vídeos ilustram o "passo a passo".
Uma dessas páginas chamou a atenção e foi compartilhada nas redes sociais. Nas postagens, um aviso de que as férias escolares e o carnaval são os melhores momentos para "carimbar" (ato de transmitir o vírus), principalmente os jovens. "Todo macho recém-convertido ao bare, lá no fundo, quer ser carimbado para ser convertido para o nosso lado, para o bare 'vitaminado'", escreveu o autor. O "vitaminado" é uma clara referência aos portadores do HIV.
Nos textos seguintes, os internautas encontravam dicas de como contaminar os parceiros soronegativos. Após inúmeras denúncias, o site foi retirado do ar.
Outro blog, que pertence a M.M.B., de 26 anos, além das dicas de transmissão proposital, adverte sobre a discrição na hora da transmissão e incentiva o ato.
"Não fez ainda? Faça! Pois é bem provável que já tenham feito com você", afirmou.
Em entrevista ao Estado, o jovem nega que já tenha transmitido DST (doença sexualmente transmissível) propositalmente e alega que publicou as dicas porque seus seguidores gostam do assunto.
— Não vou ser hipócrita e dizer que não curto (sexo sem camisinha). Curto, sim, assim como a maioria curte. Nunca faço sexo com camisinha e postei as dicas porque a galera gosta e sente fetiche.
Orgias
Da internet, onde os encontros são marcados, o clube do carimbo parte para a ação em festas sigilosas. Apartamentos em bairros de classe média alta, saunas e boates de sexo gay são usados para a disseminação do vírus. As orgias são chamadas de "conversion parties" ou "roleta-russa". No meio dos convidados, há os "bug chasers" (caçadores de vírus), o soronegativo que prefere sexo sem camisinha, e os "gift givers" (presenteadores do vírus), que são os soropositivos dispostos a contaminar propositalmente ou com consentimento.
R.H., de 36 anos, é empresário e soropositivo há cinco anos. Semanalmente, frequenta clubes de sexo e saunas.
— É um prazer incontrolável. Sem a camisinha o meu prazer triplica. Eu odeio camisinha. Ele afirma que não é adepto da transmissão proposital. Só faz sexo sem camisinha quando "é consensual", mas já viu colegas de bareback infectando sem consentimento. É só você ir a qualquer suruba que vê casos de camisinha furada, pessoas estourando sem o outro saber. Considero um esporte do sexo. Eu não pratico, mas sei de muita gente que gosta.
Marcello Sampaio, de 45 anos, é dono de uma casa de sexo há sete meses no Largo do Arouche, centro de São Paulo. Por dia, são mais de cem homens. Logo na entrada, camisinhas estão disponíveis. Apesar dos avisos sobre os riscos, as transgressões acontecem.
— Sempre alerto os meus clientes, mas eu não tenho controle e vejo muita gente transando sem camisinha. A minha parte eu faço. Seria muito duro colocar a cabeça no travesseiro sabendo que eu fui o responsável por infectar 20, 30 pessoas por noite.
A preocupação de Sampaio é comprovada pelo Ministério da Saúde. O aumento da infecção é maior entre gays. Para Áurea Abbade, advogada e presidente do Grupo de Apoio à Prevenção à Aids, a geração mais jovem desconhece o perigo da doença.
— A gente tenta conscientizar e como resposta recebe risadas. Sinto medo de uma nova epidemia.

Nenhum comentário :

Postar um comentário