Cientistas testam drogas contra artrite para aliviar sintomas de chikungunya
Em camundongos, as drogas abatacept e tofacitinib reduziram inflamação nas articulações. Quando o abatacept foi associado a um anticorpo, o resultado foi ainda melhor.
O vírus chikungunya, que circula no Brasil desde setembro de 2014, não
tem um tratamento específico. A doença provoca dores fortes e por vezes
incapacitantes nas articulações, que podem persistir por vários meses.
Até o momento, os únicos recursos disponíveis para lidar com os sintomas
eram anti-inflamatórios e analgésicos. Agora cientistas estão mais
próximos de encontrar um tratamento capaz de inibir os efeitos mais
debilitantes da doença.
Ao observar que os sintomas da chikungunya são parecidos com os de
artrite reumatoide, cientistas da Universidade de Washington e
colaboradores resolveram testar a eficácia de seis drogas já aprovadas
nos Estados Unidos para tratar artrite reumatoide em camundongos
infectados por chikungunya.
Os camundongos foram divididos em sete grupos: cada um recebeu uma
droga diferente e um recebeu placebo. Das seis drogas testadas, duas
tiveram efeitos positivos. A abatacept e a tofacitinib conseguiram
reduzir a inflamação e o inchaço das articulações afetadas pela doença.
Apesar de as drogas serem imunossupressoras, ou seja, diminuir em a
imunidade do organismo, a quantidade do vírus não aumentou com o uso do
medicamento, condição importante para o sucesso do tratamento.
Associação com anticorpos
Em seguida, os pesquisadores testaram a droga abatacept em associação
com um anticorpo humano contra o vírus chikungunya. Essa associação foi
ainda mais eficaz, eliminando o inchaço e a presença do vírus nas
articulações.
Apesar de apresentar um efeito importante na fase aguda da doença, as
drogas não tiveram impacto semelhante na fase crônica da doença, que
começa três semanas após a infecção inicial. Ainda assim, os autores do
estudo sugerem que um tratamento precoce usando a estratégia pode
diminuir o risco de a doença se tornar crônica.
O tratamento ainda precisa ser testado em humanos antes de passar a
fazer parte da prática clínica. "Nas primeiras duas semanas da doença,
as pessoas ficam realmente muito doentes, com febre alta e muita dor,
então se mais estudos mostrarem que essa combinação de tratamentos é
efetiva em humanos, isso vai trazer benefícios reais para os pacientes",
disse Michael Diamond, um dos autores do estudo.
Em 2016, até 24 de dezembro, o Brasil registrou 265.554 casos prováveis de chikungunya. No mesmo período, 159 pessoas morreram pela doença. O vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, já está em 45 países e há cerca de 1,7 milhão de casos suspeitos nas Américas.
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