segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Cientistas testam drogas contra artrite para aliviar sintomas de chikungunya

Em camundongos, as drogas abatacept e tofacitinib reduziram inflamação nas articulações. Quando o abatacept foi associado a um anticorpo, o resultado foi ainda melhor.

 
O vírus chikungunya, que circula no Brasil desde setembro de 2014, não tem um tratamento específico. A doença provoca dores fortes e por vezes incapacitantes nas articulações, que podem persistir por vários meses. Até o momento, os únicos recursos disponíveis para lidar com os sintomas eram anti-inflamatórios e analgésicos. Agora cientistas estão mais próximos de encontrar um tratamento capaz de inibir os efeitos mais debilitantes da doença. 

Ao observar que os sintomas da chikungunya são parecidos com os de artrite reumatoide, cientistas da Universidade de Washington e colaboradores resolveram testar a eficácia de seis drogas já aprovadas nos Estados Unidos para tratar artrite reumatoide em camundongos infectados por chikungunya. 

Os camundongos foram divididos em sete grupos: cada um recebeu uma droga diferente e um recebeu placebo. Das seis drogas testadas, duas tiveram efeitos positivos. A abatacept e a tofacitinib conseguiram reduzir a inflamação e o inchaço das articulações afetadas pela doença. 

Apesar de as drogas serem imunossupressoras, ou seja, diminuir em a imunidade do organismo, a quantidade do vírus não aumentou com o uso do medicamento, condição importante para o sucesso do tratamento.

Associação com anticorpos

Em seguida, os pesquisadores testaram a droga abatacept em associação com um anticorpo humano contra o vírus chikungunya. Essa associação foi ainda mais eficaz, eliminando o inchaço e a presença do vírus nas articulações. 

Apesar de apresentar um efeito importante na fase aguda da doença, as drogas não tiveram impacto semelhante na fase crônica da doença, que começa três semanas após a infecção inicial. Ainda assim, os autores do estudo sugerem que um tratamento precoce usando a estratégia pode diminuir o risco de a doença se tornar crônica. 

O tratamento ainda precisa ser testado em humanos antes de passar a fazer parte da prática clínica. "Nas primeiras duas semanas da doença, as pessoas ficam realmente muito doentes, com febre alta e muita dor, então se mais estudos mostrarem que essa combinação de tratamentos é efetiva em humanos, isso vai trazer benefícios reais para os pacientes", disse Michael Diamond, um dos autores do estudo. 

Em 2016, até 24 de dezembro, o Brasil registrou 265.554 casos prováveis de chikungunya. No mesmo período, 159 pessoas morreram pela doença. O vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, já está em 45 países e há cerca de 1,7 milhão de casos suspeitos nas Américas. 

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