Estudos sobre tratamentos com testosterona têm resultados inconclusivos
Resultados não permitem determinar se os benefícios dessa terapia hormonal são maiores do que seus riscos cardiovasculares
Quatro novos estudos clínicos nos Estados Unidos sobre complementos de
testosterona para homens idosos mostraram resultados contrastantes e que
não permitem determinar se os benefícios dessa terapia hormonal são
maiores do que seus riscos cardiovasculares - de acordo com uma pesquisa
publicada nesta terça-feira (21).
Em 2015, a FDA, agência que regula o setor de alimentos e medicamentos
nos Estados Unidos, reforçou seu alerta sobre os riscos que os
tratamentos com testosterona representavam para o coração dos pacientes.
Os quatro testes clínicos avaliaram os efeitos da testosterona, administrada em forma de gel, em homens com 65 anos, ou mais.
Publicados nesta terça-feira na revista médica "Journal of the American
Medical Association" (JAMA), os resultados são baseados em 788
participantes com níveis baixos de testosterona, aparentemente devido
apenas à idade. Eles foram acompanhados durante um ano em 12 centros
médicos dos Estados Unidos.
Os cientistas descobriram que os pacientes tratados com gel de
testosterona tiveram melhoras em sua densidade óssea e em sua força. Os
que apresentavam uma anemia de origem inexplicada também melhoraram.
Os complementos hormonais não permitiram, contudo, superar problemas de memória, ou cognitivos.
Os pesquisadores observaram ainda sinais preocupantes de problemas
cardiovasculares, com o aumento de 20% no acúmulo de placas nas artérias
coronárias.
Tomados em conjunto, esses resultados "não alteram materialmente o
equilíbrio desfavorável entre a segurança e as vantagens de um
tratamento com testosterona" em homens idosos, afirmou o médico David
Handelsman, da Universidade de Sydney, na Austrália, em um editorial
publicado no JAMA.
"Níveis baixos de testosterona devido à obesidade e a outros problemas
de saúde ligados ao envelhecimento são mais bem tratados com base em
medidas para modificar o estilo de vida", acrescentou, ressaltando a
necessidade de advertências mais consistentes sobre os riscos
cardiovasculares nas próprias caixas dos complementos de testosterona em
que são comercializados.
Em outro editorial no JAMA, o professor de Medicina Eric Orwoll, da
Universidade de Saúde e Ciências de Oregon, observou que, nesse estágio
das pesquisas, "os clínicos e seus pacientes devem estar conscientes de
que os riscos cardiovasculares e os benefícios da reposição de
testosterona em homens mais velhos não foram adequadamente avaliados".
"Os maiores indícios de eficácia em terapias de testosterona têm a ver
com a função sexual", apontou o principal autor da pesquisa e também
professor de Medicina Thomas Gill, da Fundação Humana, admitindo que se
deve realizar um estudo mais amplo e de maior duração.
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