Estudo mostra que cigarros light são mais perigosos que os normais
Cigarros 'light' poderiam estar relacionados com aumento de adenocarcinoma pulmonar, segundo pesquisa.
Os cigarros "light" são mais perigosos para a saúde que os normais e
têm contribuído para um forte aumento de um certo tipo de câncer de
pulmão, revelou um estudo publicado nesta segunda-feira (22).
Cientistas de cinco centros de pesquisas sobre o câncer nos Estados
Unidos concluíram que estes cigarros - que têm mais poros no filtro, o
que permite um aumento da ventilação no ato de fumar - explicariam o
aumento nos últimos 50 anos do adenocarcinoma pulmonar.
Este tipo de câncer é o mais comum atualmente entre fumantes. A
frequência deste tipo de tumor pulmonar diminuiu à medida que o número
de fumantes nos Estados Unidos caiu de forma constante durante décadas.
Os resultados destas análises confirmam o que os investigadores
suspeitam há anos e vai na contramão do que diz a indústria do tabaco:
que os cigarros light seriam menos nocivos.
Os filtros com furos de ventilação foram lançados no mercado há meio
século. "Eles foram projetados para enganar os fumantes e as autoridades
de saúde pública", afirmou o doutor Peter Shields, diretor adjunto do
Centro Oncológico Integral da Universidade do Estado de Ohio, um dos
principais autores do estudo público na revista do Instituto Nacional do
Câncer.
"A análise dos nossos dados sugere claramente uma relação entre o
número de buracos agregados aos filtros dos cigarros e um aumento nas
taxas de adenocarcinomas pulmonares nos últimos 20 anos", afirma o
pesquisador.
Para Shields, "é particularmente preocupante o fato de que estes
filtros com buracos estão praticamente em todos os cigarros vendidos na
atualmente".
Filtros perfurados
Os cientistas avaliam que os filtros perfurados fazem inalar mais
fumaça com taxas mais concentradas de carcinógenos e outras toxinas.
"Estes filtros modificam a combustão do tabaco, o que produz mais
carcinógenos na forma de partículas finas que chegam às partes mais
profundas dos pulmões, onde costumam se desenvolver mais os
adenocarcinomas", acrescentou Shields.
As regulamentações em vigor proíbem as empresas fabricantes de tabaco
de colocar nos pacotes de cigarros e em anúncios as palavras "light" e
"baixo conteúdo de alcatrão".
Mas os pesquisadores acreditam que os resultados de seu último estudo
deveriam fazer a agência dos Estados Unidos que supervisiona os
alimentos e medicamentos, a FDA, regulasse ou até proibisse totalmente
os filtros ventilados.
Igualmente, consideram que são necessárias mais investigações para
confirmar que a eliminação dos buracos nos filtros não se traduziria em
um aumento de dependência da nicotina ou em uma maior exposição aos
agentes tóxicos dos cigarros.
Os Estados Unidos têm mais de 36 milhões de fumantes e 40% dos cânceres
diagnosticados no país estão relacionados com o tabagismo, segundo os
Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
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