Padrasto confessa ter agredido enteado de 1 ano e 8 meses morto no AM, diz polícia
Menino teve ruptura do estômago e trauma abdominal após receber tapas na barriga.
O vendedor Anderson Carneiro de Paiva, de 22 anos, que foi preso após a morte do enteado Alex Gabriel Silva de Oliveira, de 1 ano e oito meses,
confessou ter agredido o menino enquanto a mãe estava trabalhando,
segundo a Polícia Civil. O crime ocorreu na tarde de terça-feira (23) na
casa da família, na Zona Norte de Manaus. O homem, que já tem passagem
na polícia por receptação, disse que bateu na barriga do menino porque o
garoto estava chorando. A mãe do menino, uma adolescente de 15 anos,
revelou à Polícia Civil que Anderson Carneiro culpava a criança pelo
aborto do filho que a esposa esperava.
Durante depoimento na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e
ao Adolescente (DEPCA), nesta quarta-feira (24), Anderson confessou que
deu três tapas no estômago do menino Alex Gabriel. As agressões, de
acordo com a polícia, causaram trauma abdominal e ruptura do estômago,
levando a criança à morte.
“Ele disse que a criança estava muito enjoada, chorando muito. Ele
contou que estava sozinho, sem paciência e acabou desferindo três tapões
na barriga do menino, que foram a causa da morte da criança. O Anderson
disse que não estava drogado e nem bêbado. Ele disse que a mãe não
sabia de nada”, afirmou o delegado titular Juan Valério, da Delegacia
Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).
Segundo a delegada Juliana Tuma, da titular da Depca, a mãe revelou, em
depoimento, que o padrasto tinha mágoa e ressentimento da criança.
“A mãe chegou a engravidar do Anderson e, com dois meses de gravidez,
ele chegou a administrar remédios abortivos. Porém, ela não perdeu o
bebê naquele momento. Com quatro meses de gravidez, quando o Anderson
tinha expectativa que iria ter um filho com ela, a adolescente perdeu o
bebê. Ela disse que o Anderson culpava o Gabriel pela mulher ter perdido
o filho dele. Ele disse que ela carregava demais o menino nos braços e,
por isso, teria perdido o filho que esperava dele. Ele já tinha um
ressentimento dessa criança”, revelou a delegada.
Os vizinhos da vítima revelaram aos investigadores possíveis situações
de maus-tratos da criança. Porém, a mãe da criança negou para a polícia
que agredisse o próprio e disse que não imaginava que o companheiro
fosse capaz de matar o filho dela.
“A mãe disse que nunca percebeu nenhum comportamento estranho por parte
desse cidadão, que a criança chamava de pai. O pai biológico da criança
está preso por homicídio, em uma outra situação, desde os seis meses o
bebê convivia com o Anderson. Essa mãe disse que nunca percebeu um
histórico de agressão, a não ser anteontem quando ela chegou do trabalho
e viu a criança arranhada e ele disse que o menino tinha caído”,
comentou a delegada.
Anderson não quis comentar as acusações da polícia durante coletiva de
imprensa na manhã desta quarta-feira (24). Ele foi autuado em flagrante
por homicídio qualificado e será encaminhado para audiência de custódia.
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) definirá se o homem responderá
pelo crime preso ou em liberdade.
A DEPCA continuará as investigações para apurar possíveis indícios de maus-tratos.
Crime
A criança teria sido agredida em uma casa na comunidade Nossa Senhora
de Fátima I, no bairro Novo Aleixo. Alex Gabriel foi levado pela mãe e o
padrasto para Hospital Pronto-Socorro (HPS) Platão Araújo, por volta
das 19h. O garoto deu entrada na unidade hospitalar já morto. A equipe
médica tentou reanimação, mas não obteve sucesso na tentativa de salvar a
criança.
Os médicos da unidade passaram a suspeitar que o menino teria sido
vítima de violência por conta dos hematomas no corpo. A Polícia Civil
foi acionada e uma equipe de investigadores da DEHS foi até o hospital.
Os policiais entraram contato com a mãe. A adolescente disse aos
investigadores que, por volta das 16h, deu comida para o filho e o
deixou com o padrasto em casa enquanto foi para a casa de uma amiga. O
menino ficou 1h30 na comunidade Nossa Senhora de Fátima I, no bairro
Novo Aleixo. No local há outros três imóveis onde moram familiares do
vendedor Anderson Carneiro.
Por volta das 17h30, a mãe teria retornado para casa e encontrado o
filho com abdômen inchado. Ela contou à polícia que questionou o
padrasto sobre o que tinha acontecido. O vendedor alegou que a criança
estava passando mal por causa de um bolinho que mãe de dado para criança
comer antes de sair.
A criança foi levada para casa de uma vizinha e, no imóvel, foi
medicada com remédio para gases. Porém, o menino não melhorou. Segundo a
mãe, o garoto começou babar e a ficar escuro. Logo em seguida, Alex
Gabriel foi levado para o hospital.
A mãe revelou à polícia que o padrasto batia constantemente na criança.
O vendedor negou que agrediu o menino, mas confirmou que tinha ficado
sozinho com o garoto.
Um vizinho da família, que não quis se identificar, disse aos
investigadores que a mãe e o padrasto batiam na criança. Os dois foram
detidos e permaneceram na DEHS até o resultado da necrópsia. O Instituto
Médico-Legal (IML) constatou que o menino sofreu um trauma abdominal e
ruptura do estômago.
Após ser constata a violência, o vendedor Anderson Carneiro foi preso,
em flagrante, e levado para a DEPCA, onde caso será investigado. O homem
vai responder por homicídio qualificado.
Ao G1, a mãe da criança disse que saiu de casa e o filho estava bem.
Ela nega que a informação de que batia no menino. Alex Gabriel é o
segundo filho da adolescente. O primeiro mora com os avós maternos.
"Sai de casa para trabalhar, fazer a unha de uma amiga e a casa dela
fica na esquina da rua. Deixei o Gabriel bem com ele, estava brincando
normal. Quando eu voltei, vi barriga dele inchada e perguntei o que
tinha acontecido. Ele disse que achava que meu filho queria vomitar um
bolinho que tinha comido. Dei remédio para gases e ele começou a passar
mal. Corri para levar para o hospital e quando cheguei no portão meu
filho morreu nos meus braços. Foi tudo muito rápido. O Anderson não
batia nele para machucar. Ele batia na mão e não para machucar", contou a
mãe ao G1, enquanto aguardava acompanhada do pai para ser ouvida pela
polícia.
Joaquim Cavalcante, de 80 anos, que é pai adotivo de Anderson Carneiro e
morava no local onde criança teria sido agredida, afirmou que o
padrasto cuidava do menino e que nunca viu o garoto ser agredido. "Ele
ajudava a cuidar da criança e era melhor que muito pai. Se judiasse do
menino, eu era o primeiro a denunciar", afirmou o idoso.
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