Tosse: vilã ou mocinha?
“Tossir é bom. Expulsa as secreções e isso faz bem para a saúde”.
“Meu filho não consegue dormir de tanto tossir. Ninguém dorme. Preciso de um xarope urgente”.
“Estou com tosse há semanas e o médico disse que tudo bem, desde que não afete minhas atividades”.
“Estou com tosse há semanas e o médico disse que precisa investigar a causa”.
Quem
já não ouviu frases como estas? Uns querem parar de tossir, outros não
conseguem parar de tossir e se preocupam e há os que consideram a tosse
como uma defesa do organismo para expelir as secreções.
Afinal de
contas, quem tem razão?
Não obstante as
afirmações sejam contraditórias, todos tem razão. Como isso pode
acontecer? Acontece sim, posto que há vários tipos de tosse. Para cada
tipo diferente, há uma conduta e uma orientação também diferente.
Simples assim. Vamos entender.
Primeiramente,
é importante saber quais são os tipos diferentes de tosse. Os dois
mais comuns, nos extremos do espectro, são: de um lado, a tosse que
tem muita secreção, com catarro, que é chamada de produtiva, e que por
vezes até induz ao vômito de tanta secreção; e do outro lado a tosse
seca, irritativa, que não tem secreção, que “arranha” a garganta e que
muitas vezes é bem alta, estridulosa, barulhenta, que lembra a tosse de
cachorro.
Assim, a tosse com catarro
indica que há secreção nas vias respiratórias. Estas secreções podem ser
provenientes de um processo infeccioso como bronquite, sinusite ou
pneumonia, por exemplo. Por isso, esta tosse é do “bem”. Isso significa
que é bom tossir para expelir estas secreções que não se devem acumular
nas vias respiratórias. Esta tosse não deve ser inibida sob nenhuma
hipótese. Deve-se tossir e para ajudar a eliminação das secreções, pode
haver a orientação médica de alguns medicamentos mucolíticos que, como o
próprio nome indica, ajudam a deixar as secreções menos “pegajosas”,
mais fluidificadas e, portanto, mais fáceis de ser eliminadas pela
tosse.
Já a tosse seca, irritativa, sem
secreção, pode indicar um processo alérgico nas vias respiratórias. Este
processo pode ser intenso a ponto de produzir edema ou inchaço na
mucosa, aumentando ainda mais o vigor da tosse. Os músculos que nos
fazem tossir ficam doídos de tanto que “trabalham”. Ninguém dorme na
casa. O dia seguinte fica complicado para todos; crianças sonolentas e
exaustas, pais com olheiras e sem forças para o trabalho. Claro que este
tipo de tosse, que chamamos de não produtiva, pode ser controlada com a
indicação médica de produtos específicos.
A
tosse é um sintoma. Surge quando algo fugiu da rotina fisiológica. Por
isso é importante entender que não adianta tratar o sintoma, isto é, a
tosse, se a causa não foi corretamente identificada. A história
clínica, o exame físico do paciente e eventualmente algum exame
laboratorial ou de imagem é que permitem ao médico definir a causa ou o
diagnóstico daquele processo específico de tosse. Por isso é que para
algumas pessoas, há a orientação de que a tosse, ainda que prolongada,
não é importante, e pode-se esperar passar, mesmo que demore um pouco.
Para outros, no entanto, o exame clínico pode indicar que tosse, por
mais insignificante que pareça ser, merece uma investigação mais ampla.
Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/tosse-vila-ou-mocinha.html
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