Imunoterapia contra o câncer: uma nova fronteira, mas de custo alto
No
começo de junho, milhares de médicos estarão em Chicago (EUA) para o
encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, cuja sigla,
em inglês, é Asco. A expectativa é de que ali sejam divulgados mais
estudos sobre a imunoterapia, considerada, pela própria entidade, o
maior avanço contra o câncer em 2016. Apesar de todos os investimentos e
pesquisas, ele ainda é a segunda causa de mortes no mundo – são mais de
8 milhões de óbitos por ano. Em workshop sobre oncologia realizado
semana passada pela Bayer, o médico Antonio Carlos Buzaid, diretor do
centro de oncologia da Beneficência Portuguesa em São Paulo e membro do
comitê executivo do centro oncológico do Hospital Albert Einstein, foi
enfático ao apontar a área da imuno-oncologia como a nova fronteira
contra a doença:
“A
imunoterapia age estimulando o sistema imunológico do paciente, para
que ele reconheça e destrua as células cancerosas. O maior desafio é que
essas células cancerosas usam técnicas de escape, burlando o sistema de
defesa. Conforme formos avançando nas pesquisas, impedindo que isso
aconteça, maior será o potencial de utilização da imunoterapia”,
afirmou. Buzaid ainda acrescentou que o tratamento é bem tolerado pelos
mais velhos, por apresentar menos efeitos colaterais.
Os
primeiros estudos foram realizados há mais de um século, mas só
recentemente ganharam escala. O câncer neutraliza as células de defesa,
impedindo-as de agir: é como se o sistema imunológico não percebesse a
doença como uma ameaça, deixando que evoluísse. As drogas imunoterápicas
bloqueiam esse processo, fazendo com que o corpo combata o tumor.
Diversos tipos de câncer, como o de pulmão, rins, bexiga, cabeça e
pescoço, além de melanomas e linfomas, já vêm sendo tratados com a
imunoterapia. Todas as grandes farmacêuticas estão trabalhando em busca
de medicamentos eficazes, mas a questão crucial é o preço e o prazo para
serem introduzidos no sistema público de saúde. A quantia gasta num
tratamento deste tipo pode chegar a dezenas de milhares de reais por
mês. Nos próximos anos, há o risco de assistirmos a um processo de
judicialização da imuno-oncologia, com uma enxurrada de ações na justiça
para garantir o atendimento de ponta aos doentes.
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