26/1/2016 às 19h40 (Atualizado em 27/1/2016 às 09h46)
Rio divulga ação de pulverização de inseticida contra aedes durante o carnaval
A repercussão internacional das epidemias de zika e dengue levou mais jornalistas estrangeiros do que brasileiros à entrevista convocada pela Prefeitura do Rio para divulgar a pulverização com inseticida dos espaços que no carnaval serão usados pelas escolas de samba para desfiles, ensaios e confecção de material.
A entrevista coletiva, realizada no Sambódromo, região central, reuniu jornalistas dos canais americanos de notícias CNN e NBC, do inglês BBC e do francês France 2, além das agências de notícias Reuters (britânica), EFE (espanhola) e a francesa France-Presse (AFP). Do Brasil, havia apenas jornalistas do jornal O Estado de S.Paulo e de uma rádio carioca.
Os correspondentes insistiram nas perguntas, dirigidas ao coordenador de Vigilância Ambiental em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Marcus Vinícius Ferreira, sobre as medidas de proteção contra o vírus zika e até mesmo se o Brasil país perdeu mesmo a batalha contra o mosquito Aedes aegypti, como declarou na segunda, 25, o ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB).
Outro tema questionado pelos jornalistas estrangeiros foi a possibilidade de o Rio vir a receber ajuda do Exército para o combate ao mosquito durante a Olimpíada, em agosto próximo. Também perguntaram se o inseticida liberado por máquinas portáteis e em carros adaptados para atingir mosquitos adultos em voo - chamados no Rio de "fumacê" - é tóxico para humanos.
Segundo a prefeitura, foram convidados para a entrevista organizações da mídia internacional, o que não é comum, por causa do assédio diário dos correspondentes em busca de informações sobre as epidemias de zika e dengue.
No Sambódromo, os jornalistas acompanharam ações de combate ao mosquito. Foram empregados um carro do "fumacê" e aparelhos costais, usados por funcionários que a população, desde o retorno da dengue na primeira metade da década de 80 do século passado, chama de mata-mosquitos.
Foram ainda vistoriados possíveis focos do Aedes aegypti na Passarela do Samba, como as arquibancadas, que podem acumular poças de água e formar ambientes propícios ao desenvolvimento da larva.
Com a proximidade do início do carnaval, no próximo dia 6, as ações de combate ao mosquito foram intensificadas no Sambódromo e na Cidade do Samba (zona portuária carioca), onde ficam os barracões ocupados pelas escolas de samba para preparar os desfiles. As quadras das agremiações também têm sido vistoriadas, informou a Secretaria de Saúde.
A agência France-Presse destacou, em sua reportagem, que uma equipe sanitária desinfetou o local que receberá, em duas semanas, "suntuosos desfiles de carnaval" e competições da Olimpíada em agosto. A agência destacou que o porta-voz da secretaria ressaltou a necessidade de combater focos do mosquito nas obras do Parque Olímpico, na zona oeste.
A reportagem, reproduzida em inglês, francês, italiano e espanhol em sites internacionais, também destacou o fato de Ferreira ter alegado que dispensará a ajuda das Forças Armadas para combater o mosquito, sob a alegação de já ter agentes suficientes.
"Esta ajuda não chegará ao Rio", relatou a reportagem. baseada na declaração do coordenador de que a ajuda militar é desnecessária. A notícia ficou na página principal do site da agência durante toda a tarde de ontem, com fotos da ação no Sambódromo.
A agência EFE informou também que as instalações vistoriadas no Sambódromo serão utilizadas na Olimpíada, nas disputas de tiro com arco. A reportagem lembrou que a propagação do zika levou o governo federal a declarar estado de emergência sanitária, ao constatar a relação da doença com a microcefalia.
Ao ser questionado pelos estrangeiros se concordava com a declaração do ministro da Saúde de que a guerra contra o mosquito da dengue está sendo perdida, o coordenador disse discordar. "Em relação ao Rio, ele está errado. O estado estava no top de números de casos, agora está atrás de São Paulo e Goiás", disse.
Segundo Ferreira, é reduzido o índice de infestação do mosquito no bairro do Catumbi, vizinho ao Sambódromo. "O índice de infestação desta região é 0.9, um número baixo. Acima de 1, é considerado médio. Acima de 3.9, perigoso. Mesmo assim, qualquer ponto de aglomeração de pessoas é estratégico para o mosquito e por aqui vão estar cerca de 40 mil pessoas no carnaval. Por isso, vamos intensificar o trabalho de combate ao Aedes aegypti", afirmou.
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