sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

25/2/2016 às 19h32 (Atualizado em 25/2/2016 às 21h16)

Infecção do zika poderia causar morte de feto, com perda de tecido cerebral, diz pesquisa

Problemas em bebês relacionados com expansão do zika estão quase todos restritos ao Brasil
Brasil confirmou mais de 580 casos de microcefaliaReprodução/Agência Brasil
Um estudo de caso sobre um bebê nascido morto, cuja mãe brasileira estava infectada com o Zika, levanta a suspeita de que o vírus possa ser capaz de causar mais danos ao tecido fetal do que antes pensado, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.
O estudo mostrou que o cérebro do bebê não estava presente, uma condição conhecida como hidranencefalia. Em vez de tecido, as cavidades cerebrais tinham fluido. O bebê também apresentava acúmulos anormais de fluido em outras partes do corpo.
O caso, publicado no periódico PLOS Neglected Tropical Diseases, é o primeiro a associar o Zika com danos em tecidos fetais fora do sistema nervoso central.
Até agora, os problemas em bebês relacionados com a rápida expansão do Zika estão quase todos restritos ao Brasil e ligados à microcefalia, uma má-formação cerebral.
O Brasil confirmou mais de 580 casos de microcefalia e está investigando mais de 4.100 casos suspeitos.
Embora não esteja provado que o Zika cause a microcefalia, cientistas dizem que aumentam as evidências nesse sentido. Em 1° de fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o Zika uma emergência de saúde global. A OMS estima que o Zika poderia afetar até 4 milhões de pessoas nas Américas e se espalhar por partes da África e Ásia.
O novo estudo foi liderado por Albert Ko, especialista em doenças tropicais da Universidade de Yale, e Antônio Raimundo de Almeida, do Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador.
Ko afirmou que é difícil generalizar as conclusões da pesquisa porque era apenas um caso, mas elas são incomuns. Além da microcefalia, ele notou que o feto não tinha tecido cerebral. “Era apenas fluido.”
Também havia fluido nos pulmões, abdômen e outros tecidos. O feto também tinha antrogripose, uma condição pela qual as juntas não se mexem normalmente.
Ko tem trabalhado com colegas brasileiros para entender o surto de Zika desde 2015. Ele declarou que o caso pesquisado indica que o vírus pode estar associado com a morte de fetos.
"Nós não podemos provar que há uma associação causal, mas levanta preocupações”, afirmou.

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