Álcool na adolescência pode prejudicar funções cerebrais para sempre
É crescente a preocupação das autoridades de
saúde com o hábito entre adolescentes, cada vez mais precoce e mais
frequente, da ingestão de bebidas alcoólicas, principalmente por ser
esta situação admitida, tanto entre os jovens e também entre grande
parte dos adultos, como algo comum e próprio da idade.
Os efeitos da intoxicação alcoólica aguda sobre
o sensório, motricidade e juízo crítico são bem conhecidos e levam
muitas vezes o adolescente a ter atitudes que não teria em condições
normais. Além disso, um conjunto consistente de evidências científicas
tem exposto os potenciais efeitos nocivos à saúde da intoxicação
alcoólica aguda.
Nesta semana foi divulgada mais uma pesquisa que aborda esta questão. Foi publicado na revista científica Alcoholism: Clinical & Experimental Research,
um trabalho que demonstra os mecanismos celulares que são afetados pela
exposição ao álcool de um cérebro adolescente, que ainda não está
completamente desenvolvido e maduro. O estudo utilizou um modelo em
ratos, que simula o abuso intermitente de álcool na adolescência, para
determinar se a exposição ao álcool na adolescência pode levar a
alterações de longo prazo na estrutura e função de circuitos neurais dos
animais quando adultos. Esta hipótese foi formulada baseada no
conhecimento de que a adolescência é um período crítico para o
desenvolvimento e amadurecimento dos mecanismos cerebrais que controlam a
cognição, as emoções e o comportamento social. Uma função cerebral
normal no indivíduo adulto - principalmente no que tange à capacidade de
planejamento, modulações inibitórias e memória - depende de uma série
de fatores funcionais e estruturais no período da adolescência.
Os resultados revelaram que os ratos adultos
que receberam álcool na adolescência apresentavam problemas de memória e
cognição. Os cérebros desses ratos foram analisados por uma série de
técnicas que permitem avaliar o desenvolvimento e amadurecimento dos
circuitos neurais. Isto foi feito particularmente em uma região cerebral
chamada de hipocampo, que é responsável pelo aprendizado e memória.
Esta análise expôs alterações tanto funcionais quanto estruturais no
hipocampo, o que explica os déficits comportamentais apresentados pelos
animais.
Baseados nestes resultados os pesquisadores
sugerem que o álcool na adolescência pode produzir uma ruptura na
maturação normal dos neurônios, o que levaria a alterações permanentes de estrutura e função cerebrais.
Os cientistas alertam também que, apesar de, por lei, a adolescência ir
até os 18 anos, o cérebro completa o seu desenvolvimento por volta dos
20 anos de idade.
Por estas razões, adiar ao máximo a
exposição dos jovens ao álcool é uma medida preventiva com impacto
altamente positivo na saúde da população adulta.
Nenhum comentário :
Postar um comentário