DPOC
Drauzio VarellaA doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é, na verdade, um espectro de doenças que inclui bronquite crônica e enfisema. O cigarro é responsável pela imensa maioria dos casos.
Com o aumento progressivo da longevidade ocorrido na segunda metade do século XX e o enorme contingente de fumantes, a DPOC, rara no passado, passou a afetar grande número de indivíduos. Nos países industrializados e em certas regiões do Brasil, está entre as cinco enfermidades mais prevalentes.
A DPOC é uma doença insidiosa que se instala no decorrer de anos. Geralmente, começa com discreta falta de ar associada a esforços como subir escadas, andar depressa ou praticar atividades esportivas. Como os sintomas são discretos, costumam ser atribuídos ao cansaço ou à falta de preparo físico. Com o passar do tempo, porém, a dispneia se torna mais intensa e surge depois de esforços cada vez menores. Nas fases mais avançadas, a falta de ar está presente mesmo com o doente em repouso e agrava-se muito diante das atividades mais corriqueiras. Tomar banho em pé, por exemplo, fica impossível; andar até a sala, um esforço insuportável.
Diversos estudos demonstraram que o único tratamento médico capaz de aumentar a sobrevida dos portadores da doença é a oxigenioterapia. O doente respirando com dificuldade com um cateter nas narinas ligado ao tubo de oxigênio é a imagem clássica
da doença.
Nas fases iniciais, o comprometimento da função pulmonar pode ser assintomático. Embora a “tossinha” do fumante e a hipersecreção de muco possam fazer suspeitar da enfermidade, não constituem sintomas obrigatórios nem indicativos de maior extensão do dano respiratório. Por essa razão, para fazer o diagnóstico é fundamental avaliar a função ventilatória pela espirometria, um exame não-invasivo. Para realizá-lo, o paciente sopra o ar dos pulmões num aparelho que mede os parâmetros associados à capacidade pulmonar.
A espirometria é tão necessária para o diagnóstico e a avaliação da gravidade da DPOC, quanto tirar a pressão arterial é fundamental para os hipertensos. A maioria dos pneumologistas recomenda que todos os fumantes sejam submetidos anualmente a esse teste a partir dos 45 anos de idade. Aqueles que apresentarem declínio da função pulmonar estão em rota de colisão com o aparecimento da dispnéia aos mínimos esforços e da dependência de oxigênio. Muitos especialistas, no entanto, recomendam que toda pessoa que fuma há mais de dez anos seja submetida ao exame, para que o diagnóstico seja feito nas fases iniciais, quando o dano aos tecidos ainda não se tornou irreversível.
Parar de fumar é decisivo para o futuro dos que apresentam declínio progressivo das provas de função respiratória. Quando isso acontece em pacientes com pequeno grau de obstrução das vias aéreas causada pela fumaça do cigarro, a interrupção é associada à melhora imediata da função pulmonar. Ao contrário, nos que continuam a fumar, uma vez alteradas, as provas funcionais sofrem declínio rápido e progressivo.
Chicletes, adesivos de nicotina e drogas antidepressivas como a bupropiona, associados a terapêuticas comportamentais, são de grande utilidade para tratamento da dependência de nicotina nos portadores de DPOC. Pelo fato de não serem inalados, chicletes e adesivos de nicotina colaboram para diminuir o grau de obstrução das vias aéreas, mesmo naqueles que não conseguem parar de fumar, mas que reduzem substancialmente o número de cigarros por dia.
Todos os portadores de DPOC devem receber anualmente uma dose de vacina contra a gripe e outra contra o pneumococo, para evitar que a concomitância de processos infecciosos agrave o quadro respiratório.
Drogas broncodilatadoras e os anticolinérgicos estão indicados para aliviar os sintomas associados à produção e eliminação das secreções. O uso de derivados da cortisona por via inalatória pode reduzir a freqüência de exacerbações dos sintomas respiratórios, mas seu uso prolongado está associado a efeitos indesejáveis.
Técnicas fisioterápicas de reabilitação respiratória aumentam a resistência aos esforços e melhoram a qualidade de vida, mas aparentemente não prolongam a sobrevida.
A dependência do balão de oxigênio e a incapacidade de andar sem ajuda costumam exigir das famílias dos portadores de DPOC sacrifícios pesados, especialmente nas classes em que o orçamento doméstico é limitado. Por uma questão de responsabilidade, todo fumante deve levar em conta que a dependência de nicotina pode levá-lo a tornar-se dependente dos outros para as tarefas mais insignificantes.
Fonte: http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/tabagismo/dpoc/
18/11/2015 às 00h20
Doença que afeta fumantes leva ao cansaço extremo e depressão
Apesar de desconhecida, sete milhões de pessoas no Brasil sofrem de DPOC

Doença causa cansaço extremo por causa da obstrução das vias respiratórias
Thinkstock
Tosse, catarro, cansaço e falta de ar são sintomas mais comuns de muitas
doenças respiratórias. Mas também são sinais de DPOC (Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica), mistura de enfisema e bronquite, que afeta
especialmente fumantes e pode limitar as atividades do dia a dia do
paciente, devido ao cansaço extremo e até mesmo depressão.
Nesta quarta-feira (18), Dia Mundial de Combate à DPOC, o diretor da comissão de infecções respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Mauro Gomes, explica que a doença atinge cerca de sete milhões de pessoas no Brasil e mais de 40 mil morrem por ano por conta dessa complicação respiratória.
De acordo com o médico, a doença provoca insuficiência respiratória devido a uma inflamação nos brônquios, que obstrui a passagem do ar e provoca destruição dos alvéolos, onde “o ar é filtrado”. Gomes explica que a doença é dividida em quatro estágios.
— No primeiro, o paciente se cansa ao fazer algum tipo de esforço físico, como subir uma escada. No segundo, caminhar em uma superfície plana pode tirar o fôlego. Já no terceiro, a pessoa fica constantemente cansada e tem crises de falta de ar. No estágio mais avançado, o paciente não pode realizar nenhum tipo de atividade física. Trocar de roupa, tomar banho e escovar os dentes são atividades que o deixariam extremamente cansado. Nesse estágio, é preciso ter o oxigênio disponível o dia inteiro. Tenho pacientes que precisam tomar banho com o oxigênio para não perder o ar.
Além dos problemas respiratórios, outra consequência da DPOC é a depressão. Como o paciente deixa de realizar atividades simples do dia a dia, isso leva o idoso a se sentir incapaz, explica.
— A pessoa foi independente a vida inteira e agora, na terceira idade, precisa de acompanhamento. Isso tem um impacto emocional muito forte no idoso.
O médico explica que 95% dos casos acontece por causa do tabagismo, tanto direto quanto indireto, em casos de pessoas que conviveram muito tempo com fumantes. Em média, a pessoa precisa ter fumado pelo menos 20 a 25 anos de consumo. Por isso, segundo o especialista, normalmente, o diagnóstico é feito após os 40 anos de idade, por causa do excesso no cigarro.
— A DPOC é irreversível, mas o diagnóstico precoce pode ajudar a diminuir os efeitos do cigarro no organismo, mas para isso, é óbvio que é preciso parar de fumar para diminuir os prejuízos respiratórios.
Na avaliação do médico, um dos principais problemas da doença é a “subnotificação”, ou seja, ele afirma que muitas pessoas consideram normal da idade se sentir mais cansados e deixam de procurar o médico.
— É preciso que elas conheçam a doença para ter o diagnóstico e tratamento correto. Ela é progressiva, mas se o paciente para de fumar, a doença deixa de progredir. Se houver o diagnóstico precoce, a pessoa não vai perder a qualidade de vida de não poder fazer nada, ainda mais se cortar o cigarro. Então, o principal benefício do diagnóstico é prevenir a sobrecarga do coração, porque a debilidade respiratória faz com que o coração trabalhe mais para fornecer oxigênio para o corpo inteiro.
Tratamento e medicamentos
O pneumologista ainda ressalta que os pacientes que sofrem com DPOC precisam de medicamentos para a vida inteira e, em casos graves, até mesmo o oxigênio precisa ser contínuo. E todos os remédios necessários para tratar a doença estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). O médico lembra que o tratamento particular pode pesar no bolso.
— O tratamento particular básico, com remédios, custa cerca de R$ 200 por mês. Mas o oxigênio é muito mais caro. Em um mês a pessoa vai gastar uns R$ 500. Se for comprar o aparelho pode custar até R$ 5.000.
Há diversos tipos de spray, vapor, pó, que são inalados para chegar ao pulmão, afirma o médico. O pneumologista também explica que o remédio dilata as vias aéreas para que o ar passe naturalmente.
— É feito um exame de prova de função pulmonar, conhecido como espirometria, em que se observa como está a passagem do ar. Menos de 70% já é um paciente que tem limitações respiratórias.
Quem tem DPOC não pode viajar de avião, porque a oxigenação é diminuída durante o voo, explica Gomes.
— Para viajar, a pessoa precisa do oxigênio portátil, mas não pode subir no avião com o cilindro, porque pode explodir. A companhia aérea tem que fornecer, mas é preciso solicitar com muita antecedência. Ele certamente vai pagar a mais, porque a companhia precisa se organizar para ter essa ferramenta para o passageiro. Muitos acabam desistindo de viajar, porque é realmente muito complicado, ou até pior, decidem arriscar e viajar sem o oxigênio.
*Colaborou Brenno Souza, estagiário do R7
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/doenca-que-afeta-fumantes-leva-ao-cansaco-extremo-e-depressao-18112015
Nesta quarta-feira (18), Dia Mundial de Combate à DPOC, o diretor da comissão de infecções respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia, Mauro Gomes, explica que a doença atinge cerca de sete milhões de pessoas no Brasil e mais de 40 mil morrem por ano por conta dessa complicação respiratória.
De acordo com o médico, a doença provoca insuficiência respiratória devido a uma inflamação nos brônquios, que obstrui a passagem do ar e provoca destruição dos alvéolos, onde “o ar é filtrado”. Gomes explica que a doença é dividida em quatro estágios.
— No primeiro, o paciente se cansa ao fazer algum tipo de esforço físico, como subir uma escada. No segundo, caminhar em uma superfície plana pode tirar o fôlego. Já no terceiro, a pessoa fica constantemente cansada e tem crises de falta de ar. No estágio mais avançado, o paciente não pode realizar nenhum tipo de atividade física. Trocar de roupa, tomar banho e escovar os dentes são atividades que o deixariam extremamente cansado. Nesse estágio, é preciso ter o oxigênio disponível o dia inteiro. Tenho pacientes que precisam tomar banho com o oxigênio para não perder o ar.
Além dos problemas respiratórios, outra consequência da DPOC é a depressão. Como o paciente deixa de realizar atividades simples do dia a dia, isso leva o idoso a se sentir incapaz, explica.
— A pessoa foi independente a vida inteira e agora, na terceira idade, precisa de acompanhamento. Isso tem um impacto emocional muito forte no idoso.
O médico explica que 95% dos casos acontece por causa do tabagismo, tanto direto quanto indireto, em casos de pessoas que conviveram muito tempo com fumantes. Em média, a pessoa precisa ter fumado pelo menos 20 a 25 anos de consumo. Por isso, segundo o especialista, normalmente, o diagnóstico é feito após os 40 anos de idade, por causa do excesso no cigarro.
— A DPOC é irreversível, mas o diagnóstico precoce pode ajudar a diminuir os efeitos do cigarro no organismo, mas para isso, é óbvio que é preciso parar de fumar para diminuir os prejuízos respiratórios.
Na avaliação do médico, um dos principais problemas da doença é a “subnotificação”, ou seja, ele afirma que muitas pessoas consideram normal da idade se sentir mais cansados e deixam de procurar o médico.
— É preciso que elas conheçam a doença para ter o diagnóstico e tratamento correto. Ela é progressiva, mas se o paciente para de fumar, a doença deixa de progredir. Se houver o diagnóstico precoce, a pessoa não vai perder a qualidade de vida de não poder fazer nada, ainda mais se cortar o cigarro. Então, o principal benefício do diagnóstico é prevenir a sobrecarga do coração, porque a debilidade respiratória faz com que o coração trabalhe mais para fornecer oxigênio para o corpo inteiro.
Tratamento e medicamentos
O pneumologista ainda ressalta que os pacientes que sofrem com DPOC precisam de medicamentos para a vida inteira e, em casos graves, até mesmo o oxigênio precisa ser contínuo. E todos os remédios necessários para tratar a doença estão disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde). O médico lembra que o tratamento particular pode pesar no bolso.
— O tratamento particular básico, com remédios, custa cerca de R$ 200 por mês. Mas o oxigênio é muito mais caro. Em um mês a pessoa vai gastar uns R$ 500. Se for comprar o aparelho pode custar até R$ 5.000.
Há diversos tipos de spray, vapor, pó, que são inalados para chegar ao pulmão, afirma o médico. O pneumologista também explica que o remédio dilata as vias aéreas para que o ar passe naturalmente.
— É feito um exame de prova de função pulmonar, conhecido como espirometria, em que se observa como está a passagem do ar. Menos de 70% já é um paciente que tem limitações respiratórias.
Quem tem DPOC não pode viajar de avião, porque a oxigenação é diminuída durante o voo, explica Gomes.
— Para viajar, a pessoa precisa do oxigênio portátil, mas não pode subir no avião com o cilindro, porque pode explodir. A companhia aérea tem que fornecer, mas é preciso solicitar com muita antecedência. Ele certamente vai pagar a mais, porque a companhia precisa se organizar para ter essa ferramenta para o passageiro. Muitos acabam desistindo de viajar, porque é realmente muito complicado, ou até pior, decidem arriscar e viajar sem o oxigênio.
*Colaborou Brenno Souza, estagiário do R7
Fonte: http://noticias.r7.com/saude/doenca-que-afeta-fumantes-leva-ao-cansaco-extremo-e-depressao-18112015
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