Obesidade
O que é a Obesidade?A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo. Para o diagnóstico em adultos, o parâmetro utilizado mais comumente é o do índice de massa corporal (IMC).
O IMC é calculado dividindo-se o peso do paciente pela sua altura elevada ao quadrado. É o padrão utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que identifica o peso normal quando o resultado do cálculo do IMC está entre 18,5 e 24,9. Veja a tabela completa e descubra o seu IMC aqui. Para ser considerado obeso, o IMC deve estar acima de 30.
O Brasil tem cerca de 18 milhões de pessoas consideradas obesas. Somando o total de indivíduos acima do peso, o montante chega a 70 milhões, o dobro de há três décadas.
A obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras.
São muitas as causas da obesidade. O excesso de peso pode estar ligado ao patrimônio genético da pessoa, a maus hábitos alimentares ou, por exemplo, a disfunções endócrinas. Por isso, na hora de pensar em emagrecer, procure um especialista.
Fonte: http://www.endocrino.org.br/obesidade/
OBESIDADE
Como se desenvolve ou se adquire?
Nas diversas etapas do seu desenvolvimento, o
organismo humano é o resultado de diferentes interações entre o seu
patrimônio genético (herdado de seus pais e familiares), o ambiente
sócioeconômico, cultural e educativo e o seu ambiente individual e
familiar. Assim, uma determinada pessoa apresenta diversas
características peculiares que a distinguem, especialmente em sua saúde e
nutrição.
A obesidade é o resultado de diversas dessas
interações, nas quais chamam a atenção os aspectos genéticos, ambientais
e comportamentais. Assim, filhos com ambos os pais obesos apresentam
alto risco de obesidade, bem como determinadas mudanças sociais
estimulam o aumento de peso em todo um grupo de pessoas. Recentemente,
vem se acrescentando uma série de conhecimentos científicos referentes
aos diversos mecanismos pelos quais se ganha peso, demonstrando cada vez
mais que essa situação se associa, na maioria das vezes, com diversos
fatores.
Independente da importância dessas diversas
causas, o ganho de peso está sempre associado a um aumento da ingesta
alimentar e a uma redução do gasto energético correspondente a essa
ingesta. O aumento da ingesta pode ser decorrente da quantidade de
alimentos ingeridos ou de modificações de sua qualidade, resultando numa
ingesta calórica total aumentada. O gasto energético, por sua vez, pode
estar associado a características genéticas ou ser dependente de uma
série de fatores clínicos e endócrinos, incluindo doenças nas quais a
obesidade é decorrente de distúrbios hormonais.
O que se sente?
O excesso de gordura corporal não provoca
sinais e sintomas diretos, salvo quando atinge valores extremos.
Independente da severidade, o paciente apresenta importantes limitações
estéticas, acentuadas pelo padrão atual de beleza, que exige um peso
corporal até menor do que o aceitável como normal.
Pacientes obesos apresentam limitações de
movimento, tendem a ser contaminados com fungos e outras infecções de
pele em suas dobras de gordura, com diversas complicações, podendo ser
algumas vezes graves. Além disso, sobrecarregam sua coluna e membros
inferiores, apresentando a longo prazo degenerações (artroses) de
articulações da coluna, quadril, joelhos e tornozelos, além de doença
varicosa superficial e profunda (varizes) com úlceras de repetição e
erisipela.
A obesidade é fator de risco para uma série de doenças ou distúrbios que podem ser:
Doenças | Distúrbios |
· Hipertensão arterial | · Distúrbios lipídicos |
· Doenças cardiovasculares | · Hipercolesterolemia |
· Doenças cérebro-vasculares | · Diminuição de HDL ("colesterol bom") |
· Diabetes Mellitus tipo II | · Aumento da insulina |
· Câncer | · Intolerância à glicose |
· Osteoartrite | · Distúrbios menstruais/Infertilidade |
· Coledocolitíase | · Apneia do sono |
Assim, pacientes obesos apresentam severo risco
para uma série de doenças e distúrbios, o que faz com que tenham uma
diminuição muito importante da sua expectativa de vida, principalmente
quando são portadores de obesidade mórbida (ver a seguir).
Como o médico faz o diagnóstico?
A forma mais amplamente recomendada para
avaliação do peso corporal em adultos é o IMC (índice de massa
corporal), recomendado inclusive pela Organização Mundial da Saúde. Esse
índice é calculado dividindo-se o peso do paciente em kilogramas (Kg)
pela sua altura em metros elevada ao quadrado (quadrado de sua altura)
(ver ítem Avaliação Corporal, nesse site). O valor assim obtido
estabelece o diagnóstico da obesidade e caracteriza também os riscos
associados conforme apresentado a seguir:
IMC ( kg/m2)
|
Grau de Risco
|
Tipo de obesidade
|
18 a 24,9
|
Peso saudável
|
Ausente
|
25 a 29,9
|
Moderado
|
Sobrepeso ( Pré-Obesidade )
|
30 a 34,9
|
Alto
|
Obesidade Grau I
|
35 a 39,9
|
Muito Alto
|
Obesidade Grau II
|
40 ou mais
|
Extremo
|
Obesidade Grau III ("Mórbida")
|
Conforme pode ser observado, o peso normal, no
indivíduo adulto, com mais de 20 anos de idade, varia conforme sua
altura, o que faz com que possamos também estabelecer os limites
inferiores e superiores de peso corporal para as diversas alturas
conforme a seguinte tabela :
Altura (cm)
|
Peso Inferior
(kg)
|
Peso Superior
(kg)
|
145
|
38
|
52
|
150
|
41
|
56
|
155
|
44
|
60
|
160
|
47
|
64
|
165
|
50
|
68
|
170
|
53
|
72
|
175
|
56
|
77
|
180
|
59
|
81
|
185
|
62
|
85
|
190
|
65
|
91
|
A obesidade apresenta ainda algumas características
que são importantes para a repercussão de seus riscos, dependendo do
segmento corporal no qual há predominância da deposição gordurosa, sendo
classificada em:
Obesidade Difusa ou Generalizada | |
Obesidade Andróide ou Troncular (ou Centrípeta), na qual o paciente apresenta uma forma corporal tendendo a maçã. Está associada com maior deposição de gordura visceral e se relaciona intensamente com alto risco de doenças metabólicas e cardiovasculares (Síndrome Plurimetabólica) | |
Obesidade Ginecóide, na qual a deposição de gordura predomina ao nível do quadril, fazendo com que o paciente apresente uma forma corporal semelhante a uma pêra. Está associada a um risco maior de artrose e varizes. |
Essa classificação, por definir alguns riscos, é
muito importante e por esse motivo fez com que se criasse um índice
denominado Relação Cintura-Quadril, que é obtido pela divisão da
circunferência da cintura abdominal pela circunferência do quadril do
paciente. De uma forma geral se aceita que existem riscos metabólicos
quando a Relação Cintura-Quadril seja maior do que 0,9 no homem e 0,8 na
mulher. A simples medida da circunferência abdominal também já é
considerado um indicador do risco de complicações da obesidade, sendo
definida de acordo com o sexo do paciente:
Risco Aumentado | Risco Muito Aumentado | |
Homem |
94 cm
|
102 cm
|
Mulher |
80 cm
|
88 cm
|
A gordura corporal pode ser estimada também a
partir da medida de pregas cutâneas, principalmente ao nível do
cotovelo, ou a partir de equipamentos como a Bioimpedância, a Tomografia
Computadorizada, o Ultrassom e a Ressonância Magnética. Essas técnicas
são úteis apenas em alguns casos, nos quais se pretende determinar com
mais detalhe a constituição corporal.
Na criança e no adolescente, os critérios
diagnósticos dependem da comparação do peso do paciente com curvas
padronizadas, em que estão expressos os valores normais de peso e altura
para a idade exata do paciente.
De acordo com suas causas, a obesidade pode ainda ser classificada conforme a tabela a seguir.
Classificação da Obesidade de Acordo com suas Causas:
Obesidade por Distúrbio Nutricional
|
|
Dietas ricas em gorduras
|
|
Dietas de lancherias
|
|
Obesidade por Inatividade Física
|
|
Sedentarismo
|
|
Incapacidade obrigatória
|
|
Idade avançada
|
|
Obesidade Secundária a Alterações Endócrinas
|
|
Síndromes hipotalâmicas
|
|
Síndrome de Cushing
|
|
Hipotireoidismo
|
|
Ovários Policísticos
|
|
Pseudohipaparatireoidismo
|
|
Hipogonadismo
|
|
Déficit de hormônio de crescimento
|
|
Aumento de insulina e tumores pancreáticos produtores de insulina
|
|
Obesidades Secundárias
|
|
Sedentarismo
|
|
Drogas: psicotrópicos, corticóides, antidepressivos tricíclicos, lítio, fenotiazinas, ciproheptadina, medroxiprogesterona
|
|
Cirurgia hipotalâmica
|
|
Obesidades de Causa Genética
|
|
Autossômica recessiva
|
|
Ligada ao cromossomo X
|
|
Cromossômicas (Prader-Willi)
|
|
Síndrome de Lawrence-Moon-Biedl
|
Cabe salientar ainda que a avaliação médica do
paciente obeso deve incluir uma história e um exame clínico detalhados
e, de acordo com essa avaliação, o médico irá investigar ou não as
diversas causas do distúrbio. Assim, serão necessários exames
específicos para cada uma das situações. Se o paciente apresentar
"apenas" obesidade, o médico deverá proceder a uma avaliação
laboratorial mínima, incluindo hemograma, creatinina, glicemia de jejum,
ácido úrico, colesterol total e HDL, triglicerídeos e exame comum de
urina.
Na eventual presença de hipertensão arterial ou
suspeita de doença cardiovascular associada, poderão ser realizados
também exames específicos (Rx de tórax, eletrocardiograma,
ecocardiograma, teste ergométrico) que serão úteis principalmente pela
perspectiva futura de recomendação de exercício para o paciente.
A partir dessa abordagem inicial, poderá ser
identificada também uma situação na qual o excesso de peso apresenta
importante componente comportamental, podendo ser necessária a avaliação
e o tratamento psiquiátrico.
A partir das diversas considerações acima
apresentadas, julgamos importante salientar que um paciente obeso, antes
de iniciar qualquer medida de tratamento, deve realizar uma consulta
médica no sentido de esclarecer todos os detalhes referentes ao seu
diagnóstico e as diversas repercussões do seu distúrbio.
Como se trata?
O tratamento da obesidade envolve
necessariamente a reeducação alimentar, o aumento da atividade física e,
eventualmente, o uso de algumas medicações auxiliares. Dependendo da
situação de cada paciente, pode estar indicado o tratamento
comportamental envolvendo o psiquiatra. Nos casos de obesidade
secundária a outras doenças, o tratamento deve inicialmente ser dirigido
para a causa do distúrbio.
Reeducação Alimentar
Independente do tratamento proposto, a
reeducação alimentar é fundamental, uma vez que, através dela,
reduziremos a ingesta calórica total e o ganho calórico decorrente. Esse
procedimento pode necessitar de suporte emocional ou social, através de
tratamentos específicos (psicoterapia individual, em grupo ou
familiar). Nessa situação, são amplamente conhecidos grupos de reforço
emocional que auxiliam as pessoas na perda de peso.
Independente desse suporte, porém, a orientação dietética é fundamental.
Dentre as diversas formas de orientação
dietética, a mais aceita cientificamente é a dieta hipocalórica
balanceada, na qual o paciente receberá uma dieta calculada com
quantidades calóricas dependentes de sua atividade física, sendo os
alimentos distribuídos em 5 a 6 refeições por dia, com aproximadamente
50 a 60% de carboidratos, 25 a 30% de gorduras e 15 a 20% de proteínas.
Não são recomendadas dietas muito restritas
(com menos de 800 calorias, por exemplo), uma vez que essas apresentam
riscos metabólicos graves, como alterações metabólicas, acidose e
arritmias cardíacas.
Dietas somente com alguns alimentos (dieta do
abacaxi, por exemplo) ou somente com líquidos (dieta da água) também não
são recomendadas, por apresentarem vários problemas. Dietas com excesso
de gordura e proteína também são bastante discutíveis, uma vez que
pioram as alterações de gordura do paciente além de aumentarem a
deposição de gordura no fígado e outros órgãos.
Exercício
É importante considerar que atividade física é
qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que
resulta em gasto energético e que exercício é uma atividade física
planejada e estruturada com o propósito de melhorar ou manter o
condicionamento físico.
O exercício apresenta uma série de
benefícios para o paciente obeso, melhorando o rendimento do tratamento
com dieta. Entre os diversos efeitos se incluem:
a diminuição do apetite, | |
o aumento da ação da insulina, | |
a melhora do perfil de gorduras, | |
a melhora da sensação de bem-estar e auto-estima. |
O paciente deve ser orientado a realizar exercícios
regulares, pelo menos de 30 a 40 minutos, ao menos 4 vezes por semana,
inicialmente leves e a seguir moderados. Esta atividade, em algumas
situações, pode requerer profissional e ambiente especializado, sendo
que, na maioria das vezes, a simples recomendação de caminhadas
rotineiras já provoca grandes benefícios, estando incluída no que se
denomina "mudança do estilo de vida" do paciente.
Drogas
A utilização de medicamentos como auxiliares no
tratamento do paciente obeso deve ser realizada com cuidado, não sendo
em geral o aspecto mais importante das medidas empregadas. Devem ser
preferidos também medicamentos de marca comercial conhecida. Cada
medicamento específico, dependendo de sua composição farmacológica,
apresenta diversos efeitos colaterais, alguns deles bastante graves como
arritmias cardíacas, surtos psicóticos e dependência química. Por essa
razão devem ser utilizados apenas em situações especiais de acordo com o
julgamento criterioso do médico assistente.
No que se refere ao tratamento medicamentoso da
obesidade, é importante salientar que o uso de uma série de substâncias
não apresenta respaldo científico. Entre elas se incluem os diuréticos,
os laxantes, os estimulantes, os sedativos e uma série de outros
produtos frequentemente recomendados como "fórmulas para emagrecimento".
Essa estratégia, além de perigosa, não traz benefícios a longo prazo,
fazendo com que o paciente retorne ao peso anterior ou até ganhe mais
peso do que o seu inicial.
Como se previne?
Uma dieta saudável deve ser sempre incentivada
já na infância, evitando-se que crianças apresentem peso acima do
normal. A dieta deve estar incluída em princípios gerais de vida
saudável, na qual se incluem a atividade física, o lazer, os
relacionamentos afetivos adequados e uma estrutura familiar organizada.
No paciente que apresentava obesidade e obteve sucesso na perda de peso,
o tratamento de manutenção deve incluir a permanência da atividade
física e de uma alimentação saudável a longo prazo. Esses aspectos
somente serão alcançados se estiverem acompanhados de uma mudança geral
no estilo de vida do paciente.
Fonte: http://www.abcdasaude.com.br/endocrinologia/obesidade
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