Cientistas descobrem novo vírus gigante na Áustria
Chamados de 'klosneuvirus', eles agora fazem parte da família de 'mimivirus'; pessoas não são infectadas por esses novos micro-organismos.
Pesquisadores relataram evidências de um novo vírus gigante encontrado
em uma estação de tratamento de esgoto em Klosterneuburg, no leste da
Áustria. É da região onde foram descobertos que vem a inspiração para o
novo nome: klosneuvirus. A pesquisa foi publicada pela revista "Science"
nesta quinta-feira (6).
A maioria dos vírus são muito menores que nossas células e precisam de
poucos genes -- eles se replicam e usam o material genético de seus
hospedeiros. De acordo com a "Science", alguns vírus encontrados em aves
e suínos chegam a ter apenas dois genes.
Um primeiro estudo, também publicado pela "Science" em 2003, passou a
desafiar essa característica dos vírus. O artigo mostrou a nova família
"mimivírus", maior que outros micro-organismos, como algumas bactérias, e
que pode transportar mais de 2,5 mil genes. Na época, alguns cientistas
passaram a questionar a árvore da vida e defender que os vírus gigantes
poderiam ser um quarto domínio da vida -- além do Eubacteria, Archaea e
Eukaria.
De acordo com a "Science", os klosneuvirus se destacam porque os seus
genomas são mais semelhantes aos das células do que qualquer outro tipo
de vírus. As células, por exemplo, conseguem juntar proteínas de 20
tipos de aminoácidos, com uma enzima para cada ação. Outros vírus
gigantes descobertos desde 2003 conseguem genes para sete variedades de
enzimas; os klosneuvirus têm genes para todos os 20 tipos.
A nova descoberta na Áustria acabou sendo uma surpresa para Frederik
Schulz, pós-doutor do Instituto Unificado do Genoma, parte do
Departamento da Energia de Walnut Creek, na Califórnia. Ele e os colegas
não estavam investigando a possibilidade desse quarto domínio quando se
uniram a cientistas austríacos para analisar micróbios em
Klosterneuburg.
Com a ajuda de uma método de sequenciamento genético, eles
identificaram o DNA dos microrganismos.
As sequências dos vírus
continuavam aparecendo e reaparecendo. A equipe reuniu alguns desses
fragmentos de DNA viral e concluiu que eles pertenciam a um novo vírus
gigante - eles reuniram três tipos genômicos dos klosneuvirus, agora
incluídos na família dos mimivírus.
Com a chance de debater se esse supervírus seria um quarto domínio,
Schulz e seus colegas passaram a analisar a pesquisa com outro viés.
"Nós pensamos: 'Uau! Isso pode ser uma comprovação para essa ideia",
disse.
O grupo de cientistas fez uma parceria com um laboratório e comparou as
sequências genéticas com outros tipos de vírus e organismos. A análise
indicou que esses supervírus passaram a ser gigantes por ter se
"alimentado" dos genes de seus diferentes hospedeiros. "Não há
evidências de um novo quarto domínio de vida, e este artigo confima
isso", disse Curtis Suttle, virologista da Universidade da Colúmbia
Britânica, em Vancouver, no Canadá.
Outros pesquisadores, no entanto, disseram à "Science" que essa
metodologia usada é uma base instável para conclusões evolucionárias.
"Estou esperando para ver um verdadeiro vírus desses junto ao seu
hospedeiro dentro de um tubo de ensaio antes de acreditar em qualquer
interpretação evolutiva", disse o geneticista Jean-Michel Claverie, da
Universidade de Aix-Marseille.
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