Estudos alertam que teletrabalho pode aumentar estresse e insônia
Relatório aponta que pessoas que ficam permanentemente conectadas ao trabalho por meio de dispositivos móveis estão sujeitas a efeitos negativos sobre sua saúde e bem-estar.
À primeira vista, poder trabalhar de qualquer lugar por meio de
dispositivos móveis como celular ou tablet, prática chamada de
teletrabalho, traz muitas vantagens, como ganhar tempo, economizar
dinheiro com transporte ou ter uma vida familiar mais equilibrada. Em
grandes doses, porém, pode prejudicar a saúde, revelou um relatório da
ONU.
O documento, feito em conjunto pela Organização Internacional do
Trabalho (OIT), agência das Nações Unidas, e a Eurofund, agência da
União Europeia, se baseia em pesquisas realizadas em 15 países.
O relatório, divulgado em fevereiro, faz uma distinção entre as pessoas
que trabalham em casa, que parecem desfrutar de um maior equilíbrio
entre a vida profissional e a familiar, e os trabalhadores "muito
móveis", que utilizam novos meios de comunicação e estão mais expostos
às consequências negativas sobre a sua saúde e bem-estar.
Vantagens e desvantagens
Entre as vantagens do teletrabalho, também conhecido como "home
office", os funcionários apontam a redução do tempo de deslocamento, uma
maior autonomia e um maior equilíbrio entre a vida profissional e a
privada.
As empresas veem nesta modalidade uma maior motivação dos funcionários,
mais produtividade e eficiência, e acima de tudo, uma redução do espaço
de escritório necessário.
Mas a outra faceta do teletrabalho é mais preocupante.
O relatório destaca "a tendência a induzir um prolongamento da jornada
de trabalho, a criar uma sobreposição entre emprego e vida privada e a
levar a uma intensificação do trabalho".
O estudo acrescenta que "41% dos trabalhadores muito móveis apresentam
altos níveis de estresse, em comparação com 25% dos que trabalham o
tempo todo no escritório".
Além disso, 42% das pessoas que trabalham em casa a tempo completo e
42% dos teletrabalhadores muito móveis dizem que acordam várias vezes
durante à noite, enquanto isso só acontece com 29% dos funcionários que
trabalham no escritório.
Jon Messenger, coautor do relatório, ressalta as vantagens do
teletrabalho a tempo parcial, que permite manter o contato com os
colegas.
"O equilíbrio ideal parece ser de dois a três dias de trabalho em
casa", disse Messenger em uma coletiva de imprensa em Genebra.
"Talvez as empresas devessem recorrer [ao teletrabalho] com mais
frequência, visto que este tem efeitos positivos, não só para os
funcionários, mas também para o empregador", acrescentou.
O relatório também defende o "direito a desconectar", citando o exemplo
da França e da Alemanha.
Algumas empresas já impõem que os servidores
informáticos sejam desligados fora do horário de trabalho para impedir o
envio de e-mails durante os períodos de descanso e férias.
Nenhum comentário :
Postar um comentário