Para entender melhor microcefalia, pesquisadores acompanham gestantes sem sintomas de zika
Primeiras etapas da pesquisa incluíam apenas mulheres que apresentavam os sintomas da infecção.
Para tentar entender melhor as consequências do vírus da zika na
gravidez, um grupo de pesquisadores se juntou para estudar a
microcefalia. As primeiras etapas da pesquisa incluíam apenas mulheres
que apresentavam os sintomas da infecção, mas agora o estudo acompanha
também mulheres assintomáticas.
“Elas são recrutadas no primeiro trimestre de gravidez e observamos
aquelas que vão desenvolver e aquelas que não vão desenvolver infecção.
Entre aquelas que vão desenvolver infecção, as que desenvolvem alguma
sintomatologia e as que não desenvolvem nenhuma sintomatologia”, explica
o coordenador da pesquisa em Pernambuco, Ricardo Ximenes.
Ao todo, dez mil mulheres foram convidadas para participar da pesquisa.
São quatro mil distribuídas entre Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de
Janeiro. As outras, seis mil, estão sendo acompanhadas na Colômbia,
Porto Rico, na Guatemala e Nicarágua. Em Pernambuco, são 229. Dessas,
11% tiveram zika após aderir à pesquisa.
A intenção dos pesquisadores é que os dados obtidos no estudo possam
estabelecer e nortear novas políticas para o enfrentamento do vírus. O
acompanhamento dessas gestantes é feito duas vezes por mês. A cada 15
dias, a mulher informa como anda a gravidez e faz uma coleta de urina.
Já a cada 30 dias, ela, além da coleta de urina, ainda coleta sangue,
secreção vaginal e saliva.
Daniele da Silva é uma dessas mulheres que aderiu à pesquisa. Ela
acredita que foi infectada antes da gravidez. “Tive muita dor de cabeça,
dor no corpo, manchas, febre. Aí eu peguei, fui na UPA [Unidade de
Pronto Atendimento]. Porém, o diagnóstico nunca saiu”, conta.
Os pesquisadores tentam não deixar escapar nada que acontece durante a
gestação. No questionário, perguntas desde produtos de beleza a de
higiene pessoal, passando por produtos de limpeza doméstica.
“São
perguntas referentes à saúde dela, como ela tem passado, com relação a
algum produto que ela tenha usado de higiene pessoal”, diz a enfermeira
Rosenely Pereira.
Para a neuropediatra Vanessa Van Der Linden, que acompanha bebês com a
Síndrome Congênita da Zika, o levantamento é muito importante para
entender a extensão da infecção.
“A partir do momento que se avalia a mãe que teve zika, eu vou poder
saber quanto dessas mães que tiveram zika tiveram bebês afetados. Pode
ter uma mãe que teve zika e o bebê não teve nada. Dos bebês que foram
afetados, quantos vão ter essa forma grave, com microcefalia, quantos
vão ter uma forma mais leve, que vão nascer com o perímetro encefálico
normal, e quantos talvez tenham até outros problemas que a gente não
sabe. Sei lá, a criança pode ter só uma dificuldade de aprendizagem.
Isso é uma coisa que é uma interrogação ainda”, pontua.
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