Tirando Dúvidas: Insulina Inalável
A
insulina inalável foi liberada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pra que seja comercializada no
Brasil. Embora a eficácia da insulina inalável esteja comprovada, ao
contrário do que muitos acreditam o medicamente não irá livrar as
pessoas com diabetes das tradicionais injeções. A Dra. Vivian Ellinger,
presidente do Departamento de Diabetes da SBEM, explica o porquê na
entrevista abaixo.
Por enquanto, apenas um laboratório da
indústria farmacêutica começará a disponibilizar o medicamente por via
aérea, mas outras pesquisas estão em fase adiantada. O Brasil,
inclusive, possui centros que estão dando suporte a estudos
internacionais. Onde estão sendo pesquisadas esta e outros tipos de
insulinas inaladas.
A insulina inalável vai livrar as pessoas com diabetes das injeções?Dra.
Vivian Ellinger - Esta foi a primeira impressão que o lançamento da
Exubera provocou, mas não é verdade. Esta nova insulina é de ação
rápida, ou seja, ela serve para corrigir ou prevenir picos de
hiperglicemia. Entretanto, o paciente necessita de insulina basal, e o
que é mais importante: necessita realizar a picada para aferição da
glicemia, várias vezes ao dia.
Sem duvida é um avanço da
indústria que nestes últimos anos vem investindo muito em formas de se
melhorar o tratamento do paciente diabético.
A Anvisa liberou a entrada do medicamento no País?Dra.
Vivian Ellinger - A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
aprovou no principio do mês de junho, pouco tempo depois de outros
países. Espera-se que ainda este ano já esteja à venda no Brasil.
Existem outros estudos que possam resultar em medicações alternativas (não injetáveis) para controlar a glicemia?Dra.
Vivian Ellinger - Existe um novo grupo de tratamento para pacientes com
Diabetes Tipo 2 que são bastante promissores. Estes medicamentos
melhoram a função das células Beta pancreáticas, através de hormônios
gastrointestinais.Além da ação na liberação da insulina, existe uma
supressão do Glucagon, que é um hormônio hiperglicemiante.
A primeira droga deste grupo que foi liberada nos Estados Unidos, foi a exenatide, mas outras estão prestes a ser lançadas.
A imprensa sempre que fala da insulina inalável cita o surgimento de tosse nos pacientes. Esse efeito colateral é preocupante?Dra.
Vivian Ellinger - Realmente há um aumento de tosse. No entanto, eu
gostaria de ressaltar que os estudos clínicos foram bastante
abrangentes, apresentando um perfil de segurança desta nova forma de
tratamento. Esse rigor permitiu a liberação para a comercialização
também nos Estados Unidos e na Europa.
O efeito colateral mais
observado é o da hipoglicemia, o que ocorre com todas as insulinas. A
principal contra indicação é para fumantes. Se o paciente parar de
fumar, é necessário esperar seis meses para utilizá-la.
Apenas a Pfizer tem pesquisas nessa linha?
Dra. Vivian Ellinger - Não, outros laboratórios estão pesquisando insulina inalável, alguns já em fase bem avançada.
O Gel para administração intranasal da insulina é uma outra forma de administração em estudo.
A
insulina Exubera será disponibilizada apenas em blisters de 1mg e 3mg.
Quando for necessária a administração de doses diferenciadas, será
complicado para o usuário fazer esse cálculo?
O cálculo deve
considerar que o blister de 1mg corresponde a três unidades
internacionais de insulina e 3mg correspondem a 8 unidades
internacionais.
Mas o que se espera tanto do médico quanto do
paciente é que ambos passem a pensar na dosagem em miligramas e esqueçam
as “unidades internacionais”. Essa é uma nova forma de se dosar e de se
ajustar a dose da insulina.
*A insulina em questão teve sua comercialização interrompida, no Brasil, conforme comunicado publicado aqui.
Pfizer Suspende Venda do Exubera
A Pfizer descontinuou a venda do Exubera, marca da insulina inalável
vendida pelo laboratório. Abaixo, veja o comunicado oficial da Pfizer.
Leia, também, reportagem feita no site do Departamento de Diabetes da SBEM / Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), com
a opinião de diversos especialistas sobre o assunto.
Comunicado da Pfizer sobre o Exubera
A
Pfizer decidiu em nível mundial devolver os direitos de comercialização
de Exubera para a Nektar, empresa que licenciou o produto para a
Pfizer. A Pfizer esclarece:
· A decisão não se deve a qualquer
problema relacionado a eficácia e segurança do produto, que foram
amplamente comprovadas por estudos clínicos realizados com o
medicamento.
· Dessa forma, a Pfizer ressalta que o paciente não deve descontinuar o tratamento com Exubera antes de procurar seu médico.
·
A Pfizer trabalhará junto aos médicos na transição do tratamento dos
pacientes que utilizam Exubera para outras opções terapêuticas, bem como
na cessação de prescrição do medicamento.
· Exubera continuará
disponível no mercado durante os próximos meses, até que os pacientes,
orientados pelos seus médicos, façam a transição para outro medicamento.
·
Essa decisão se deve ao fato de o produto não ter atingido as
expectativas da companhia, uma vez que não teve a aceitação esperada do
mercado.
· Ao todo, há 11 milhões de portadores de diabetes no
País. No Brasil, Exubera foi lançado em maio deste ano. Aproximadamente 2
mil pacientes se tratam com a insulina inalável.
· As autoridades já foram informadas sobre a decisão.
·
A Pfizer está comprometida em desenvolver novas alternativas
terapêuticas para o tratamento do diabetes, já que a doença continua
sendo uma necessidade médica não atendida. Atualmente, a empresa possui
medicamentos orais para diabetes em pesquisa e desenvolvimento.
·
A Pfizer é a empresa farmacêutica que mais investe em pesquisa. Em
2006, aproximadamente US$ 7,6 bilhões foram investidos em Pesquisa &
Desenvolvimento para diversas classes terapêuticas.
· Quaisquer
dúvidas dos pacientes podem ser esclarecidas por meio do Serviço de
Atendimento Fale Pfizer, pelo telefone 0800 167575.
Fonte: http://www.endocrino.org.br/tirando-duvidas-insulina-inalavel/
Fonte: http://www.endocrino.org.br/pfizer-suspende-venda-do-exubera/