sexta-feira, 3 de julho de 2015

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Choque – Classificação, Fisiopatologia e Diagnóstico Diferencial

Choque
É a síndrome clinica que resulta de perfusão (Fluxo sanguíneo que chega ao tecido ou aos órgãos). Seja qual for a causa, o desequilíbrio induzido pela hipoperfusão (baixa perfusão indica que existe baixo fluxo sanguíneo proveniente da hipotensão e vasodilatador, provocada pelos mediadores químicos.
A manifestação clinica do choque são :
  • Hipotensão (PA média < 60 mmHg), taquicardia, taquipnéia, palidez, agitação e sensório alterados.
  • Sinais de vasoconstrição periférica intensa, com pulsos fracos e extremidades frias e úmidas. No choque distributivo ( séptico), há vasodilatação e extremidades quentes.
  • Oligúria (< 20mL/h) e acidose metabólica;
  • Lesão pulmonar aguda e síndrome da angustia respiratória aguda (SDRA), com edema pulmonar não cardiogênico, hipoxemia e infiltrados pulmonares.
Resposta orgânica à hipoperfusão
A perfusão adequada dos tecidos implica a integridade estrutural e funcional dos três constituintes básicos do sistema cardiovascular: coração (a bomba), vasos (o continente) e sangue (o conteúdo).

  1. Mecanismos compensatórios
Diferentes formas de choque desencadeiam uma série de mecanismos que visam atenuar/reverter o estado de hipoperfusão e, deste modo, proteger os órgãos da subsequente disfunção. Esses mecanismos consistem essencialmente numa ativação neuroendócrina.

  • Sistema Adrenérgico
No choque, a ativação deste sistema decorre da hipovolemia/hipotensão e hipóxia interpretadas pelos baroreceptores e quimioreceptores, respectivamente. Contribui para restaurar o volume circulante, assegurar a perfusão cerebral e coronária, bem como mobilizar substratos metabólicos. Por conseguinte, os seus principais efeitos são sentidos essencialmente ao nível do sistema cardiovascular e do metabolismo energético.
  • Cortisol
A libertação do cortisol pela zona fasciculada do córtex da suprarrenal é à semelhança do sistema adrenérgico, essencial na adaptação ao choque, sendo igualmente fundamental para que Ad (adrenalina) e NA (noradrenalina) exerçam seus efeitos.

  • Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) e Hormona Antidiurética (ADH)

No choque, particularmente no que se acompanha de perda de volume, o SRAA é ativado e a libertação da HAD pela neuro-hipófise é estimulada, tendo como principal fim a manutenção do volume sanguíneo (através da redução do débito urinário). Enquanto a angiotensina (AII) e a aldosterona fazem-no indiretamente (pela reabsorção de Na+), a ADH age quer indiretamente (também pela reabsorção de Na+) quer diretamente (através da reabsorção de água sem reabsorção de Na+).

Tabela 1 – Classificação do choque
-Hipovolêmico;
-Obstrutivo;
-Cardiogênico;
-Distributivo;
-Choque Neurogênico;     
Fonte: https://pcarefisioterapia.com.br/choque-classificacao-fisiopatologia-e-diagnostico-diferencial/

 
Choque Anafilático: É a principal causa de morte por alergia.
O choque anafilático é uma reação imediata resultante da dilatação súbita da microcirculação sanguínea pela ação da histamina. Com a vasodilatação, há queda de pressão arterial, deficiência de irrigação cerebral, perda da consciência, coma e morte. Esta cadeia de eventos pode ser evitada pela aplicação de medicação de emergência. Nas formas mais discretas do choque, o próprio organismo pode compensar a falência circulatória.
Sintomas do choque anafilático:
Sensação de mal estar, transpiração, palidez
Tosse seca, falta de ar
Sudorese abundante
Coceira generalizada
Náuseas, vômitos, dor abdominal
Diminuição da Pressão
Perda dos sentidos
Principais causas de reação anafilática:
- Antibióticos: penicilina, estreptomicina e cefalosporinas.
- Venenos: abelhas, vespas, marimbondos, formigas e cobras.
- Látex: derivado da borracha natural encontrado em luvas, camisinhas, etc - - Anestésicos locais: procaína, tetracaína, benzocaína e xilocaína.
- Vitaminas: B1 e B12.
- Hormônios: insulina e ACTH.
- Soros heterólogos: antitetânicos e antidiftéricos.
Reações anafiláticas menos intensas podem ser causadas por outras causas, como por exemplo alimentos (camarão). Estas reações em geral não são graves, manifestando-se por mal estar, tonteira, urticária súbita, surgindo imediatamente após uso destas substâncias.
Reação Anafilactóide
Tem os mesmos sintomas da reação anafilática, mas o mecanismo não é alérgico. Neste caso, a libareção da histamina ocorre por mecanismos não-imunológicos. O exemplo mais característico é a reação após uso de contrastes iodados.
Como controlar o choque anafilático
O tratamento é realizado através de medidas profiláticas (evitando os alérgenos) e medidas de urgência a serem aplicadas logo que o quadro se inicia.
A adrenalina (epinefrina) é o único medicamento de emergência capaz de salvar a vida de uma pessoa em choque anafilático e deve ser aplicada imediatamente. É encontrada em forma de ampolas ou na forma de “kit” auto-injetável.
Converse com seu médico alergista para que ele o oriente.
Texto extraído do livro: Conheça sua Alergia – Lian Pontes de Carvalho e João Bosco Magalhães Rios – Editora Revinter 2001
Fonte: http://blogdalergia.blogspot.com.br/2006/11/choque-anafiltico.html

Como é tratado?

Tratando você mesmo:
Se você já teve antes uma reação alérgica grave, carregue com você um "kit" para tratar um choque anafilático e esteja preparado para aplicar em si mesmo uma injeção presente no "kit". Então procure imediatamente, ou peça a alguém para conseguir, ajuda médica. Até que o socorro chegue, deite-se e levante as pernas acima do nível do tórax para aumentar o fluxo sanguíneo para o coração e o cérebro.
Tratando alguém com choque grave:
O choque anafilático requer uma atenção médica de emergência. Se você suspeita que alguém esteja chocando, chame uma ambulância.
Veja se a pessoa parou de respirar ou se seu coração parou de bater. Se isso aconteceu, faça manobras de ressuscitação cardiopulmonar até que o paciente volte a respirar ou a apresentar batimentos cardíacos, ou até que chegue a ambulância.
Depois, esteja certo de que a pessoa esteja deitada em posição confortável. Se a pessoa mantém as vias respiratórias desobstruídas (sem nada na boca ou garganta), levante suas pernas acima do nível do tórax.
Procure por algum bracelete ou colar que contenha informações sobre alergias.
Quando o médico chegar, ele poderá aplicar uma injeção de epinefrina (=adrenalina) assim que verificar a anafilaxia ou mesmo uma reação alérgica menos grave. Além disso, o médico poderá:
  • administrar drogas como anti-histamínicos ou corticóides, possivelmente por via intravenosa
  • dar líquido (soro) na veia para aumentar o volume de líquidos dentro dos vasos sanguíneos
  • hospitalizar a pessoa para se certificar de que sua pressão arterial e batimentos cardíacos restabeleceram o padrão normal e de que os sintomas não retornarão.

Quanto tempo duram os efeitos?

A duração dos efeitos do choque anafilático dependerá de quão rápido a pessoa recebe o tratamento. Os sintomas poderão durar de poucos minutos a várias horas. Sem um tratamento médico imediato, o resultado pode ser a morte, mas o tratamento precoce pode ajudar e prevenir complicações sérias.

Como eu posso me cuidar?

Procure ajuda o quanto antes.
Se você já teve uma reação alérgica grave previamente, você poderá:
  • solicitar a seu médico para prescrever "kits" de tratamento do choque e ler consigo as instruções de seu uso. Checar o prazo de validade dos "kits". Rever as instruções até que você esteja familiarizado com elas. Levar sempre consigo um "kit": na pasta, bolsa, mochila, "necessaire", bolsa de uso na ginástica/esporte, e mantenha um em casa, em local fixo e de fácil acesso.
  • Esteja preparado para aplicar em si mesmo uma injeção em caso de emergência. Pense nessa injeção como algo que pode mantê-lo vivo até que possa ter um atendimento médico.
  • Use um bracelete ou colar que informe sobre sua alergia e diga o que fazer em caso de emergência. Informe seus amigos e colegas de trabalho sobre esses procedimentos.
  • Evite alimentos, substâncias químicas, drogas e outras substâncias que já causaram reações alérgicas em você. Por exemplo, se o camarão provoca em você alergia, não coma camarão (sob qualquer forma), independente da quantidade.
  • Considere a possibilidade de fazer uma imunoterapia, na qual seu organismo é gradualmente exposto à substância que lhe faz mal, para torná-la menos nociva a você. A imunoterapia é muito eficaz nas alergias a insetos, mas não para alimentos ou drogas.
  • Sempre informe seu médico e dentista sobre qualquer alergia a drogas que você tenha, antes que eles prescrevam alguma medicação que achem necessária. Peça-os para prescrever outra droga e solicite uma lista de drogas relacionadas. Informe também na farmácia (ao farmacêutico) sobre alergias a drogas. Há remédios comumente vendidos nas farmácias que podem causar choque anafilático.
  • Cheque os rótulos dos remédios populares e de alimentos, se você tem alergia a drogas ou alimentos.

Como posso ajudar a prevenir o choque anafilático?

Saiba que substância causa sua reação e evite essa substância. Pergunte ao seu médico sobre tratamentos por dessensibilização, que podem ajudar em certos casos.

Dr. H.M. Eisenberg
IMPORTANTE
  •  Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios. 
  • As informações disponíveis no site da Dra. Shirley de Campos possuem apenas caráter educativo.
Fonte: http://drashirleydecampos.com.br/noticias.php?noticiaid=4567&assunto=Alergia

Mastócitos

Artigo por Colunista Portal - Educação - quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Armazenar potentes mediadores qu&#237;micos
São células grandes, livres, caracterizadas pela presença, em seu citoplasma, de inúmeros grânulos metacromáticos, os quais são tão abundantes que podem chegar a mascarar o núcleo esférico e central. São de difícil detecção nos preparados corados com Hematoxilina e Eosina (HE), destacando-se naqueles corados com azul-de-toluidina que cora os grânulos dos mastócitos de vermelho.

A principal função dos mastócitos é armazenar potentes mediadores químicos da inflamação, como heparina (anticoagulante), histamina (vasodilatador), serotonina, o fator quimiotático dos eosinófilos na anafilaxia (ECF-A, Eosinophil Chimiotactic Factor of Anaphylaxis).

Os mastócitos secretam também a substância de ação lenta (SRS-A, Slow-Reacting Substance of Anaphylaxis). Além disso, a superfície dos mastócitos contem receptores específicos para imunoglobulina E (IgE) produzida pelos plasmócitos.

A maior parte das moléculas de IgE fixa-se na superfície dos mastócitos e dos granulócitos basófilos. A liberação de mediadores químicos armazenados nos mastócitos promove reações alérgicas denominadas “reações de sensibilidade imediata”, nas quais atrai os leucócitos até o local e causa também vasodilatação.

O choque anafilático é um exemplo deste tipo de reação, sendo o mastócito a principal célula responsável por este tipo de reação alérgica. O processo de ativação da degranulação (exocitose) se baseia na sensibilização destas células (mastócitos).

Esta sensibilização ocorre da seguinte forma: o primeiro contato com o alérgeno (substância irritante que causa a alergia) estimula a produção de IgE específicas que se unem aos receptores de superfície dos mastócitos, pois estes são rico em receptores de IgE.
No segundo contanto, as IgE ligadas ao mastócito se ligam ao alérgeno e desencadeia a liberação de todos os mediadores inflamatórios. Com isso a histamina causa uma vasodilatação, a heparina é anticoagulante, o ECF-A chama os eosinófilos e o fator quimiotáxico dos neutrófilos chamam os neutrófilos ao local.

O SRS-A (slow reacting substance of anaphilaxis) tem como efeito produzir contração lenta da musculatura lisa. Esta contração da musculatura lisa é importante quando essa reação anafilática ocorre no pulmão e leva a uma broncoconstrição (asma alérgica).
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/31067/mastocitos

Choque Anafilático: Conhecimentos para o Cirurgião-dentista

A anafilaxia é a reação de hipersensibilidade ou alérgica, sistêmica, severa e rápida, em rela­ção à determinada substância ou alérgeno, ao qual o indivíduo foi exposto ou nele foi inoculado. Conforme experiência de Smith e Otto em 1904, cobaias que receberam uma injeção de soro de cavalo (sensibilizante) e após 15 a 20 dias (período de latência), receberam uma nova injeção do mesmo soro (desencadeante), apresentaram uma reação de hipersensibilidade, com quadro de dispneia aguda por broncospasmo, prostração, convulsões e morte em alguns minutos. Esta reação de anafilaxia sistê­mica grave é o que se denomina de choque anafilático.
O choque anafilático deve ocorrer por uma reação antígeno-anticorpo muito rápida, e liberação de histamina pelos mastócitos sensibilizados pelo anticorpo anafilático, além de outras substânci­as mediadoras ativas como a serotonina, a heparina e a bradicinina.
No ser humano, os sintomas e sinais do choque anafilático são: prurido palmar e plantar, urticária, vômito, relaxamento dos esfíncteres, edema angioneurótico (facial e agudo), dispneia grave, cia­nose, colapso vasomotor periférico, taquicardia, hipotensão arterial, sudorese, presença ou não de edema laríngeo (edema de glote). Deve-se lembrar que esta reação é mais comum em pessoas com idade entre 20 e 40 anos, maior nos que apresentam antecedentes alérgicos e menos frequente em crianças.
As reações alérgicas e anafiláticas estão diretamente relacionadas com a capacidade de certas macromoléculas (antígenos) de induzirem a geração de anticorpos (imunogenicidade, produção de imunoglobulina), sensibilizando o indi­víduo, e de outra moléculas menores, os haptenos, que possuem a capacidade de reagir com          anticorpos sem se­rem capazes de imunogenicidade. Neste último caso po­dem se situar os anestésicos locais, que em alguns raros casos, pequenas doses utilizadas em anestesias infiltrativas podem provocar reação alérgica imediata e que, rapidamente, pode tornar-se fatal. A etiopatogenia alérgica desta grave reação é discutida, mas à luz dos conhecimentos atuais sobre os haptenos e das estruturas moleculares dos anestésicos locais, é bastante provável que os mesmos possam produzir reações alérgicas de intensidades variadas.
Também podem induzir reações alérgicas, a aspirina (que como outras substâncias, podem liberar produtos dos mastócitos sem haver participação da imunoglobulina E no quadro clínico), a penicilina e outros antibióticos, vitaminas, sulfas, sulfonamidas (lembrar também dos diuréticos como a clorotiazida e a furosemida), iodo, além de vários outros fármacos, alimentos e seus conservantes. As penicilinas podem produzir choque anafilático em doses na casa do milimicrograma e as semi-sintéticas e cefalosporinas comportam-se semelhantemente às primitivas do ponto de vista imunológico, não sendo uma opção de substituição para os indivíduos alérgicos. São as penicilinas os antibióticos que mais pruduzem o choque anafilático, um caso para cada 7,5 milhões de injeções, porém, dessensibilizações, realizadas com doses subcutâneas crescentes, podem ser necessárias, como em gestantes sifilíticas.
Lembremos que a anamnese é fundamental para prevenção do choque anafilático e as medidas terapêuticas são as mesmas e independem do agente desencadeante.
Quanto ao diagnóstico diferencial, as suspeitas lembradas incluem infarto agudo do miocárdio, embolia pulmonar, reação de idiossincrasia, reação anafilactóide, reação vasovagal, epilepsia, asma aguda, urticária ao frio e outras situações. Lembrando que na reação anafilactóide tem-se um quadro de hipotensão com taquicardia e na vasovagal a hipotensão está associada a bradicardia. O rubor, a pele quente e exantema são sugestivos de anafilaxia, já a palidez, a pele fria e sudorese sugerem reação vasovagal.
Conduta de emergência para o choque anafilático:
1. Manter as vias aéreas desobstruídas, soltar vestes apertadas, manter o paciente em posição de decúbito ou Trendelemburg, sem levantar a cabeça. Colocar  o esfigmomanômetro, monitorar pressão, pulso e ritmo cardíaco a cada cinco minutos.
2. Manter atenção durante as 24 horas que seguem o evento. O paciente deve ser removido para hospital após os primeiros socorros. Maiores recursos serão encontrados no hospital para a reposição de fluidos, para o controle da acidose, e se foi realizada a cricotireoidostomia percutânea poderá ser necessária à realização de traqueostomia.
3. Como a morte pode ocorrer por parada cardíaca, taquicardia ventricular ou colapso das funções cardiopulmonares, deve-se estar preparado para promover as manobras de ressuscitação cardiorespiratória.
4. Administrar adrenalina em solução milesimal (IM ou EV lenta e diluída, além da possibilidade da injeção intralingual ventrolateral). Pacientes que usam betabloqueadores, em doses mais elevadas, podem precisar de heparina (IM ou EV) se os mesmos não apresentarem resposta frente à adrenalina. Lembrar que a ideia é reduzir a liberação de histamina pelo efeito beta-agonista da adrenalina e a heparina reforça esta ação. Administrar oxigênio por máscara, o tubo oral (cânula de Guedel) para respiração e o aspirador podem ser necessários se o paciente tornar-se inconsciente ou semiconsciente.
5. Administrar soro fisiológico (0.9%) sendo que o acesso venoso deve ser obtido antes do colapso vascular.
6. Administrar prometazina (IM ou EV lenta).
7. Administrar corticosteróide (hidrocortisona ou dexametasona EV). Apesar do efeito o efeito não ser imediato é útil no restabelecimento do paciente.
8. Proceder a cricotireoidostomia percutânea em caso de edema glótico ou supraglótico, quando ser observa que o paciente passa a ter dificuldade para respirar.
Sabemos que a interrupção da ventilação pulmonar pode ocorrer no curso de várias doenças, por obstrução com corpo estranho e por reações alérgicas anafiláticas, produzindo espasmo ou edema da laringe (edema de glote). Neste quadro emergencial, em nosso consultório, a cricotireoidostomia percutânea, com agulha, será a medida de escolha ou o pacien­te poderá falecer pela ausência de ventila­ção pulmonar.
Lembremos que as traqueostomias requerem indicação e técnica operatória corretas, devem ser realizadas em centro cirúrgico por profissional capacitado e, ainda assim, podem ser acompanhadas de complicações imediatas e tardias. Uma traqueostomia de emergência fora deste contexto, pode ser uma solução radical em uma situação crítica e até salvar o doente, por outro lado, não é o caminho a ser trilhado pelo cirurgião-dentista em seu consultório.  Nestes casos as complicações podem se multiplicar, incluindo a morte do doente, daí a escolha da cricotireoidostomia percutânea, com agulha. Este método permitirá oxigenação adequada por um período aproximado de 30 a 45 minutos, faz-se a remoção do paciente para hospital, e então, se for necessário, obter uma via definitiva de oxigenação, que pode ser a traqueostomia ou mesmo uma cricotireoidostomia cirúrgica.
As dosagens de medicamentos, o procedimento e o material para a realização da cricotireoidostomia percutânea com agulha, e outras informações estão disponíveis no site do autor: www.odontocardio.com.                                                                                                              
Fonte: http://www.artigos.etc.br/choque-anafilatico-conhecimentos-para-o-cirurgiao-dentista.html  

Alergia a Penicilina 

 

Fatos Históricos
Em 1928, Alexander Fleming, estudando bactérias em um laboratório, observou que em algumas placas que havia esquecido de jogar fora, surgira uma contaminação por um fungo que causava lise (morte) das bactérias ao seu redor. Este fungo pertencia ao gênero Penicillium e a partir desta avaliação, foi descoberta a penicilina. O próprio Fleming declarou: "Não inventei a penicilina. A natureza é que a fez.Eu só a descobri por acaso”. Um feliz acaso que proporcionou à humanidade o acesso a um medicamento salvador de milhões de vidas.

Entretanto, com o passar do uso, foram observadas reações indesejáveis com o medicamento e em 1949 foi relatado o primeiro caso de morte por uso de penicilina. Desde então, expôs-se uma outra face do medicamento e a possibilidade de risco desta substância.

Dados atuais do Ministério da Saúde mostram que no Brasil as reações à penicilina ocorrem com prevalência estimada de 2% por tratamento, sendo rara a reação anafilática.

Como identificar a alergia à penicilina
Nem sempre é fácil identificar a alergia à penicilina baseado no relato do paciente, que pode se confundir em situações variadas. Por exemplo, estar em uso de penicilina, apresentar uma erupção na pele por outra causa e relacionar como alergia. Ou ainda, a pessoa estar em uso simultâneo de vários medicamentos, surgindo a erupção e relacionar a penicilina como causa, já que os antibióticos são usualmente considerados pelo leigo como medicamentos “mais fortes”. Injeções de penicilina, por sua vez, podem ser bastante dolorosas e provocar sintomas como sudorese, desmaio, sendo considerada pelo paciente como “alergia” à penicilina.

Citam-se ainda situações clínicas onde a reação ao medicamento pode se relacionar com outras doenças do paciente: um exemplo é a erupção cutânea que pode surgir quando uma penicilina semi-sintética (ex: ampicilina, amoxicilina) é empregada em pessoas com mononucleose infecciosa.

Por tudo isso, se uma pessoa já teve algum tipo de reação com uso de penicilina,deve procurar o médico alergista e relatar todos os dados, a fim de que se estabeleça um diagnóstico correto.

Sintomas mais comuns de Alergia à Penicilina
A alergia à penicilina se manifesta de forma imprevisível e variada, desde sintomas discretos até quadros potencialmente fatais, sendo descritos:
- Erupção na pele – também chamada de “rash” cutâneo, caracterizado pelo aparecimento 
de “pintinhas” ou lesões rendilhadas e avermelhadas na pele.;
- Coceira –em geral intensa;
- Placas de urticária;
- Inchação de lábios, pálpebras e face;
- Casos graves poderão evoluir com envolvimento de múltiplos órgãos e sistemas do organismo, manifestando-se com sintomas graves e variados: asma (broncoespasmo), rinite, sintomas gastro-intestinais, alterações cardiovasculares,etc.

Manifestações Clínicas:
As manifestações clínicas da alergia à penicilina podem ser classificadas de acordo com o tempo decorrido entre o uso do medicamento e o aparecimento dos sintomas, sendo denominadas como: Imediatas, Aceleradas ou Tardias.

-Reações Imediatas: são as mais graves, ocorrendo na primeira hora após o uso.
Acompanham-se de: coceira intensa, placas de urticária, rubor, ou ainda de edema na laringe (glote), falta de ar, cólicas abdominais, arritmia cardíaca e, mais raramente, choque anafilático.

-Reações Aceleradas: Ocorrem entre 1 e 72 horas após o uso do medicamento, podendo cursar com urticária, angioedema, coceira intensa ou evoluir para forma mais grave e morte.

-Reações Tardias: São reações freqüentes e benignas, surgindo após 72 horas ou mais, com erupção na pele (rash). Quadros graves ocorrem mais raramente.

Mecanismos imuno-alérgicos das reações à Penicilina:
As reações alérgicas aos medicamentos obedecem a chamada classificação de Gell e Coombs, que divide os mecanismos imuno-alérgicos em Tipos I,II, III e IV. O tipo I corresponde à reação clássica mediada por anticorpos de alergia denominados imunoglobulina E ou simplesmente IgE. O tipo II envolve anticorpos anticelulares do tipo IgG enquanto o tipo III cursa com formação de complexos imunológicos. O tipo IV envolve células e está mais relacionada às reações de contato na pele com cremes ou pomadas contendo a substância.

Este é um conceito difícil para o leigo e não foi colocado aqui para confundir ou com pretensão de esclarecer um tema tão complexo em poucas palavras, mas sim para ressaltar uma característica importante: a penicilina é capaz de causar reações nos quatro tipos de mecanismos. Esta constatação é importante para se entender como é vasto o campo das reações a estes medicamentos.
Diagnóstico da Alergia à Penicilina
Se uma pessoa fez uso do medicamento e os sintomas surgem coincidindo com o início do tratamento, a identificação da alergia é fácil. Entretanto, quando o surgimento é tardio ou se existem outros medicamentos em uso pelo paciente, é necessário uma rigorosa avaliação clínica para se identificar corretamente o processo.
A base para o reconhecimento da alergia à penicilina é a anamnese, isto é, uma história minuciosa da reação e os dados de uso anterior da medicação e das condições de saúde do paciente.
Testes cutâneos
O teste com penicilina realizado em farmácia, aplicando-se uma pequena quantidade do medicamento no antebraço do paciente é incorreto, sendo comum que a pele fique irritada fornecendo falsos resultados positivos. Além disso, se a pessoa for alérgica ao medicamento, poderá provocar reações graves e não apenas no local da aplicação.
As clínicas e ambulatórios de Alergia realizam o teste com soluções diluídas de penicilina, feito pelo médico, sendo um procedimento demorado e que necessita acompanhamento especializado, conseguindo detectar 90 a 95 % dos pacientes sob risco de reação anafilática.
É importante ressaltar que estes testes não são indicados para prever se uma pessoa poderá ou não apresentar alergia em um futuro uso da penicilina, não sendo isentos de riscos, devendo ser realizados em local que tenha recursos para atendimento emergencial .
O uso do teste sanguíneo denominado RAST para detectar a presença do anticorpo específico contra a penicilina está indicado como alternativa em alguns pacientes.
Os testes são úteis para as reações que envolvem a participação de IgE, não tendo o mesmo valor em outras situações, como por exemplo: doença do soro, anemia hemolítica, dermatite exfoliativa, síndrome de Stevens-Johnson, dermatite de contato, etc. A dermatite de contato pode ser avaliada mediante realização de testes alérgicos de contato.
Dúvidas mais comuns:
1. Não tenho alergia à penicilina. Como devo proceder?
Não há como prever se uma pessoa poderá vir a ter no futuro uma reação alérgica com uso de penicilina.Mesmo pessoas que já utilizaram a medicação em mais de uma ocasião poderão desenvolver alergia no futuro.
A penicilina é um antibiótico importante no tratamento de infecções, mas infelizmente no Brasil é vendido livremente nas farmácias, sendo observado alto índice de uso por conta própria ou por aconselhamento de amigos, curiosos, balconistas, etc. É importante que se use a penicilina apenas com receita médica e no tempo correto, sendo incorreto interromper a medicação assim que os sintomas cedem.
2. Existem pessoas que são mais predispostas ao aparecimento de sensibilidade à penicilina?

Os estudos científicos mostram que alguns fatores são capazes de influenciar no surgimento da alergia à penicilina, como:

- Fatores genéticos.

- Doenças associadas, como por exemplo:HIV, doenças virais, leucemias podem cursar com maior chance de alergia a penicilina.

- As reações mais graves com penicilina acontecem mais com o uso injetável, sendo raras ou discretas quando usados por via oral.

- Pessoas que estejam em uso de beta bloqueadores tendem a ter maior susceptibilidade às reações alérgicas à penicilina.

- As reações ocorrem com maior freqüência na faixa etária de 20 a 49 anos, sendo raras em crianças
- A história de alergia prévia à penicilina deve ser confirmada antes do uso, para evitar risco de nova reação..

OBS: é importante ressaltar que a presença de história de alergia a remédios em outros membros da família não se associa com maior freqüência desta reação. Da mesma forma, as pessoas portadoras de outras doenças alérgicas não têm maior predisposição para desenvolver alergia à penicilina. Entretanto, neste caso, uma vez sensibilizados, tendem a apresentar reações mais graves.

3. Tomei penicilina e tive reação, mas só surgiu no dia em que estava terminando o tratamento. Pode ser mesmo uma conseqüência da penicilina?
Sim. Embora seja um conceito comum de que a alergia surge logo no início do uso de um medicamento, a penicilina pode causar reações tardias (leia a explicação no texto).

4. A alergia a Penicilina foi confirmada. O que devo fazer?O ideal é usar antibióticos alternativos, que não pertençam ao grupo das penicilinas. Estudos mostram que cefalosporinas podem reagir em 20% de pessoas alérgicas a penicilina. Nos casos especiais, o médico alergista decidirá sobre o uso da medicação com segurança.

O alérgico deve portar um cartão ou alerta da alergia à penicilina e comunicar em visitas a outros médicos esta ocorrência.

5. O que é “Dessensibilização” à penicilina?Chama-se de Dessensibilização a administração controlada pelo médico, feita em ambiente hospitalar, de diluições gradativamente menores e em volumes inversamente maiores da peniclina, seguida do uso da medicação. É indicada apenas em casos onde a penicilina é imprescindível. 

Foto da visita de Alexander Fleming ao Brasil em 1950

(acervo FIOCRUZ)
Fonte: http://blogdalergia.blogspot.com.br/2007/04/alergia-penicilina.html  

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