Choque cardiogênico – Aspectos clínicos
Entendendo
O choque cardiogênico é uma das entidades hemodinâmicas mais temidas nas urgências cardiológicas. A despeito dos inúmeros avanços na compreensão da fisiopatologia do choque, e os novos recursos terapêuticos clínicos e cirúrgicos, o choque, principalmente o conseqüente ao infarto do miocárdio, continua ditando um prognóstico bem reservado.
Definição
Classicamente define-se choque cardiogênico o distúrbio hemodinâmico agudo que apresenta hipotensão arterial sistêmica e pressão venosa central alta. Atualmente no sentido de instituir-se precocemente a terapêutica adequada defini-se choque cardiogênico com os seguintes parâmetros:
Diagnóstico clínico
a) pressão arterial sistólica inferior a 100 mmHg, na ausência de hipovolemia, aliada à oligúria (débito urinário < 20 ml/h).
b) rebaixamento do nível de consciência
c) confusão mental
d) sinais periféricos de hipoperfusão (extremidades frias e cianóticas)
Diagnóstico laboratorial
a) lactato sérico > 2,0 mM/l
Diagnóstico hemodinâmico
a) índice cardíaco = 1,8 litro/min/m2 de superfície corporal
A incidência de choque cardiogênico nos infartos agudos varia entre 5 e 15% e a mortalidade intra-hospitalar chega a atingir 90%. O prognóstico a longo prazo dos pacientes que superam o choque cardiogênico não é bom pois o índice de sobrevida pós-choque em 1 ano e inferior a 10%.
O choque cardiogênico assume particularidades de acordo com o ventrículo ou estrutura acometida, assumindo aspectos fisiopatológicos próprios, que orientam os passos propedêuticos e terapêuticos adequados.
Classificação
Fisiopatológicamente e anatomicamente podemos classificar o choque cardiogênico como: a) predominantemente do ventrículo direito; b) do ventrículo esquerdo e, c) mecânico.
Choque por acometimento predominantemente do ventrículo direito – Desde a caracterização desta forma de choque em 1974, por Cohn e col (“pressão média do átrio direito igual ou superior a pressão capilar pulmonar”), vários pesquisadores analisaram o tema sem chegar um consenso definitivo.
Tudo indica que a participação do comprometimento do VE, sobretudo nos infarto que acometem a parede ínfero-látero-dorsal, é a responsável pela síndrome de baixo débito existente. Além deste fator superpõem-se a bradicardia sinusal, os bloqueios átrio-ventriculares de grau variados. Em alguns casos pode ocorrer grave insuficiência tricúspide perpetuando o choque. Estes fatores devem ser detectados precocemente antes que o choque se torne irreversível.
Fisiopatológicamente o choque por comprometimento do VD pode ocorrer por disfunção do VD comprometendo o parede livre ou septo interventricular causando o movimento paradoxal. Esta disfunção promove a dilatação da cavidade ventricular e conseqüente elevação da pressão inter-pericárdica.
O movimento paradoxal agrava a disfunção do VE, também elevando a pressão inter-pericárdica.
A determinação do estado anatômico do coração é fundamental e o ecodopplercardiograma é exame auxiliar indispensável.
Choque por acometimento do ventrículo esquerdo – Ao contrário do choque causado pelo VD, a fisiopatologia do choque pelo VE é melhor entendida. Existe uma relação direta entre a massa ventricular afetada e o aparecimento e o grau do choque, onde a necrose de 40% da massa ventricular, independente da localização já é suficiente para causar o choque.
Este tipo de choque instala-se após 36 horas do início do infarto. ao passo que o do VD após 24 horas.
Choque por comprometimento mecânico – As causas mecânicas que surgem no infarto do miocárdio são extremamente graves e letais. Podendo ser dos seguintes tipos, cujo tratamento depende do rápido diagnóstico :
a) Insuficiência mitral aguda
a1. rotura do músculo papilar
a2. disfunção do músculo papilar
b) rotura do septo interventricular
c) rotura da parede ventricular no saco pericárdico e tamponamento cardíaco.
Fonte: http://www.medicinageriatrica.com.br/tag/choque-cardiogenico/
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