quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

23/12/2015 às 13h53 (Atualizado em 23/12/2015 às 14h26)

Menino com tumor no cérebro tem tecido de testículo congelado para poder ter filhos no futuro

Nathan Crawford precisa ser submetido à quimioterapia e radioterapia para combater o câncer
No início deste ano, uma mulher belga se tornou a primeira do mundo a dar à luz um bebê após ter sido submetida a um transplante de seu próprio ovárioReprodução/DailyMail
Um menino de nove anos com um tumor não operável no cérebro se tornou o primeiro no Reino Unido a ter o tecido de seu testículo congelado para poder gerar filhos biológicos quando chegar à idade adulta.
Nathan Crawford precisa ser submetido à quimioterapia e radioterapia para combater o câncer, mas o tratamento agressivo pode deixá-lo infértil.
Os médicos disseram acreditar que podem evitar a infertilidade ao reimplantar o pedaço de tecido congelado quando o menino for adolescente.
Uma técnica similar também ajuda meninas que descobrem tumores ainda crianças.
No início deste ano, uma mulher belga se tornou a primeira do mundo a dar à luz um bebê após ter sido submetida a um transplante de seu próprio ovário que havia sido congelado quando ela ainda era criança.
A equipe médica do Hospital John Radcliffe, em Oxford, responsável pelo tratamento de Nathan, diz ter "grandes esperanças" de que o método seja bem-sucedido caso Nathan precise do transplante.
Segundo eles, há 80% de chances de que o menino necessite da intervenção cirúrgica no futuro.
Técnica inédita
A técnica é nova e ainda não há registro de nascimentos provenientes de pacientes que tiveram o tecido de seus testículos congelados na pré-puberdade.
O tecido que foi congelado contém células que, durante a puberdade, começam a produzir esperma.
A cirurgia para a retirada do tecido do testículo de Nathan durou cerca de 30 minutos.
O padrasto dele, Jonathan Alison, afirmou que o menino está se recuperando bem do procedimento.
"Depois de ele ter sido submetido à cirurgia em Oxford, voltamos para Cornualha (onde a família mora) em 48 minutos. E logo Nathan já estavam comendo peixe frito com batatas-fritas conosco".
"Ele está ansioso pelo Natal e não poderíamos estar mais orgulhoso de como ele vem enfrentando tudo até agora".
Os médicos dizem ter esperança de que o tratamento a que Nathan está sendo submetido reduza o tamanho de seu tumor cerebral, conhecido como glioma.
Sheila Lane, do hospital John Radcliffe, disse: "Esses tumores podem ser curados com quimioterapia intensiva. Pacientes podem ter uma vida feliz e longa sem problemas."
Campanha
O NHS, o SUS britânico, não subsidia cirurgias de congelamento de tecido de testículos ou de ovários para que pacientes possam gerar filhos biológicos no futuro.
Mas uma campanha para arrecadação de fundos ajudou a montar um serviço nacional com essa finalidade, que funciona no hospital em Oxford.
Lane diz esperar que o serviço possa ajudar outras crianças em condições semelhantes às de Nathan.
Estimativas apontam que uma em cada 10 crianças se torna infértil após ser submetida ao tratamento para combater cânceres infantis no Reino Unido.
Para Kate Lee, da ONG CLIC Sargeant, que dá apoio a crianças e jovens com câncer, a técnica é "um passo positivo".
"Ano após ano, milhares de pais que recebem a terrível notícia que seus filhos têm câncer acabam sofrendo ainda mais ao saber que o tratamento para combater a doença pode deixá-los inférteis".
"Apesar de ser difícil prever se essa nova técnica será bem-sucedida, trata-se, sem dúvida, de uma oportunidade fantástica para Nathan e sua família".

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