quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

16/12/2015 às 15h19

Morador de Sumaré contrai zika por transfusão de sangue, confirma Hemocentro

Até então, a transmissão vinha ocorrendo por meio do mosquito Aedes aegypti
Homem pega zika vírus por transfusãoThinkstock
Um homem de 52 anos, morador de Sumaré, na região de Campinas, foi infectado pelo vírus zika por meio de transfusão de sangue, confirmou o Hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). A identificação do vírus não faz parte dos exames laboratoriais obrigatórios na triagem de doadores de sangue. Até então, a transmissão vinha ocorrendo por meio do mosquito Aedes aegypti.
Segundo o Hemocentro, em março deste ano, um portador do vírus zika notou o aparecimento de sintomas logo após fazer a doação de sangue e supôs que estivesse com dengue. O Hemocentro enviou, então, amostras do sangue do doador para o Instituto Adolfo Lutz, que confirmou a presença do vírus Zika.
De acordo com a Secretaria de Vigilância em Saúde, a zika é caracterizada por febre, dores nas articulações e manchas vermelhas pelo corpo, com duração de trêa a sete dias. Geralmente, não há complicações graves e registro de mortes. No mês passado, porém, o Ministério da Saúde confirmou que o vírus zika é um dos causadores da microcefalia em bebês nascidos de mães que tiveram a doença durante a gestação. O vírus começou a circular no país este ano, principalmente na região Nordeste.
Qualidade do sangue
Em nota, o Hemocentro pede que a população fique tranquila. “A instituição segue todos os padrões internacionais de qualidade na coleta, processamento, armazenamento e distribuição de sangue e hemoderivados”, informa o texto. “O compromisso do Hemocentro da Unicamp é de disponibilizar sangue de qualidade para o uso seguro por qualquer um de nós, uma vez que nenhuma pessoa está livre do risco de precisar de uma transfusão, em emergências e urgências, por exemplo”, destaca.
A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria Estadual de Saúde e com o Ministério da Saúde para confirmar se este é o primeiro caso de transmissão da zika por transfusão de sangue, mas ainda não obteve resposta.

17/12/2015 11h42 - Atualizado em 17/12/2015 12h26

Com transmissão de zika por sangue investigada, Hemocentro faz alerta

Paciente recebeu transfusão de 1º homem com zika de SP, em Campinas.
Ministério da Saúde diz que investiga; caso seria o primeiro no Brasil.

Bolsa de sangue (Foto: Mirian Machado/ G1 MS)
Transmissão do zika por sangue é investigada pelo Ministério da Saúde (Foto: Mirian Machado/ G1)
A constatação da transmissão do zika vírus por transfusão de sangue mudou o protocolo do Hemocentro da Unicamp, em Campinas (SP). As orientações foram divulgadas nesta quinta-feira (17). A primeira pessoa diagnosticada com a doença no estado de SP - morador de Sumaré (SP)- fez uma doação antes de ter sintomas e o sangue contaminado foi, de fato, doado. Exames comprovaram a circulação do zika no organismo do paciente que recebeu a transfusão. O Ministério da Saúde investiga essa forma de transmissão; o caso seria o primeiro do Brasil.
"As investigações ocorrem na linha de avaliar a capacidade de infecção do vírus por transmissão sanguínea. O que se sabe é que, apesar de o paciente que recebeu o sangue não ter desenvolvido a doença, foi constatado que ele tinha o vírus circulando no organismo. Não desenvolver a doença não é o mesmo que não ter sintomas", informou o Ministério da Saúde, por meio da assessoria de imprensa, ao G1.
Segundo o Ministério, não se sabe ainda se o fato de o paciente ter o vírus no corpo seria suficiente para que o mosquito Aedes aegyptise contaminasse e, assim, contaminar outras pessoas. "Embora ainda não esteja registrada em estudo científico, a descrição está entre as diversas  investigações em andamento sobre o comportamento do vírus", diz o Ministério.
Como o vírus não se desenvolveu no paciente, a Secretaria de Saúde do Estado informou que não se caracteriza como o terceiro caso de zika em SP. Nos dois casos confirmados, de um homem de 52 anos de Sumaré e de um morador de São José do Rio Preto, a infecção se deu diretamente pelo mosquito Aedes aegypti.
No momento não há nenhum outro caso de infecção por zika transfusional em investigação no estado, confirmou a secretaria. Também não foram registrados casos de zika no segundo semestre em SP.
Quem pode doar, e quando
O Hemocentro da Unicamp informou ao G1, por nota, que a "contaminação por transfusão é muito rara, sendo [este] o único caso descrito até o momento, pois o período de incubação da doença é muito curto e identifica-se poucas áreas epidêmicas no mundo. A principal forma de transmissão é a via vetor (mosquitos), sendo este risco muito superior ao por via transfusional".
As doações de sangue e hemoderivados, como plaquetas, são especialmente necessárias nesta época do ano, quando é registrada queda na frequência de doadores.
Entre as orientações, em conformidade com a Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, o banco de sangue alerta que doadores que foram infectados pelos vírus da dengue, chikungunya ou zika, após diagnóstico clínico e/ou laboratorial, estão inaptos a doar por 30 dias, a contar da completa recuperação.
Já as pessoas que tiveram dengue hemorrágica só poderão doar seis meses após a cura. Doadores de regiões endêmicas, com epidemias confirmadas, ou que tenham se deslocado para essas áreas, também são considerados inaptos por 30 dias.
Todos os doadores que foram habilitados a doar serão instruídos a comunicar ao serviço de hemoterapia qualquer sinal ou sintoma de processo infeccioso, como febre e diarreia, que apareça até sete dias após a doação.
O Hemocentro também ressalta que "informações da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde reforçam que a doença causada pelo zika vírus tem uma evolução benigna na grande maioria dos casos, e que é descrita como uma doença febril aguda, autolimitada, com duração de 3 a 7 dias, geralmente sem complicações graves, porém está relacionado com ocorrência de complicações neurológica e microcefalia".
Atualmente, segundo a instituição, não há um teste comercial registrado no Brasil para identificação do zika vírus disponível para ser usado em larga escala e validado para uso em doações de sangue.
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zira vírus e chikungunya  (Foto: Reprodução/ EPTV)
Mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, zira vírus e chikungunya (Foto: Reprodução/ EPTV)
Transfusão investigada
A transfusão começou a ser investigada em março deste ano e, em maio, o Instituto Adolfo Lutz confirmou o caso de zika no estado pela primeira vez. De acordo com a Prefeitura de Sumaré, o homem diagnosticado com zika tinha doado sangue no Hemocentro de Campinas dias antes de apresentar os sintomas da doença, e foi a partir desta doação que o diagnóstico de zika ocorreu.
Assim que os sinais apareceram, ele mesmo avisou o Hemocentro sobre os sintomas e a suspeita de dengue - doença cogitada na época por conta da epidemia na região. Segundo o Hemocentro, uma amostra do sangue doado pelo morador foi enviada para o laboratório do instituto que descartou a dengue e confirmou a infecção por zika.
A Prefeitura de Sumaré acredita que o morador tenha sido picado pelo mosquito Aedes aegyptina cidade, pois a vítima da doença alegou, na época, não ter viajado para fora do país ou regiões distantes.
Receptor da doação teve zika
O sangue doado chegou a ser usado em uma transfusão para um paciente, que não é morador nem de Campinas e nem de Sumaré. O Hemocentro informou que este receptor do sangue doado passou por exames e ele foi diagnosticado com zika.
No entanto, ele não teve os sintomas da doença, como manchas vermelhas e coceira na pele. A cidade de origem dele não foi divulgada.

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