23/12/2015 às 00h30
Vigia revela drama de viver com doença que faz crescer muito: “Você não faz ideia como dói. É horrível”
Homem com acromegalia revela que seus dedos são tão grandes que não consegue digitar
Há mais de 20 anos, Gilberto Lucateli, 41 anos, vive entre a vida e a morte. Tudo porque descobriu dez anos após os primeiros sintomas que sofre com uma doença rara sem cura chamada acromegalia, um tipo de gigantismo que acomete adultos.
Aos 20 anos, ele tinha cerca de 1,80 m e, hoje, aos 41 anos, já está com 1,92 m. Além da aparência, a doença causa muito desconforto na realização de atividades cotidianas e provoca “muita dor nas articulações, porque o crescimento excessivo acaba desgastando as cartilagens”.
— Eu não consigo mexer no teclado do computador direito, porque meus dedos são muito grandes, por exemplo. Se precisar mexer com objetos pequenos não tenho como. Mas o pior é o calçado. Nada cabe no meu pé por causa da deformação. Tem dia que eu preciso tomar remédio forte para a dor. O próximo passo é a morfina. Você não faz ideia de como dói. As articulações doem de maneira geral, mas o joelho e o quadril são a pior parte. É horrível.
A doença causa o crescimento de extremidades como mãos e pés, além de um aumento desproporcional do rosto, que fica mais quadrado do que o normal. Isso ocorre devido ao aumento da produção do hormônio de crescimento, que é produzido pela hipófise, principalmente durante a infância. A acromegalia não tem cura e o vigia precisa tomar remédios para controlar as dores.
Além de problemas físicos, Lucateli também teve o organismo desregulado.
— A acromegalia não cresce só externo, mas interno também, e pode acontecer diferentes insuficiências hormonais, e causar problemas no fígado, estomago, tireoide. Preciso tomar vários remédios para controlar a produção hormonal do meu organismo.
— A acromegalia não cresce só externo, mas interno também, e pode acontecer diferentes insuficiências hormonais, e causar problemas no fígado, estomago, tireoide. Preciso tomar vários remédios para controlar a produção hormonal do meu organismo.
Descoberta da doença
O primeiro passo para a descoberta da doença, segundo Lucateli, foi quando um de seus pés deu sinais de paralisia. Então, ele procurou um ortopedista, mas o médico não soube identificar o que acontecia.
— Eu precisava jogar o meu pé para andar. Era uma coisa muito estranha.
O primeiro passo para a descoberta da doença, segundo Lucateli, foi quando um de seus pés deu sinais de paralisia. Então, ele procurou um ortopedista, mas o médico não soube identificar o que acontecia.
— Eu precisava jogar o meu pé para andar. Era uma coisa muito estranha.
Depois de muitos exames e consultas a outros especialistas, ele foi levado a um neurologista, que descobriu o tumor na hipófise do rapaz, glândula responsável pela produção do hormônio do crescimento, o IGH.
— A percepção do tumor fez com que o médico entendesse o real problema e me desse o diagnóstico de acromegalia.
— A percepção do tumor fez com que o médico entendesse o real problema e me desse o diagnóstico de acromegalia.
Cerca de quatro meses após esse exame, Lucateli passou pela cirurgia de retirada do tumor, que tinha mais de 4,3 cm. Quando o problema parecia ter sido resolvido, a vida do jovem virou de cabeça para baixo.
— Tirei o tumor, mas peguei infecção hospitalar e foram mais três cirurgias. Tive que tomar antibióticos muito fortes. Me deu diabetes, por causa da baixa imunidade, tive que tomar insulina e a insulina me deu infecção generalizada na perna direita. Fiquei em coma 20 dias na UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] porque eles não sabiam o que era. Eu sentia muita dor na perna e os médicos não sabiam o que estava acontecendo. Foi tudo uma bola de neve. Uma complicação atrás da outra e parecia não ter fim.
— Tirei o tumor, mas peguei infecção hospitalar e foram mais três cirurgias. Tive que tomar antibióticos muito fortes. Me deu diabetes, por causa da baixa imunidade, tive que tomar insulina e a insulina me deu infecção generalizada na perna direita. Fiquei em coma 20 dias na UTI [Unidade de Tratamento Intensivo] porque eles não sabiam o que era. Eu sentia muita dor na perna e os médicos não sabiam o que estava acontecendo. Foi tudo uma bola de neve. Uma complicação atrás da outra e parecia não ter fim.
Porém, a cirurgia de retirada do tumor não ocorreu completamente da maneira como os médicos gostariam, conta Lucateli. Ele afirma que o tumor estava pressionando a glândula hipófise e, por isso, os cirurgiões não puderam retirá-lo por completo.
— Mesmo depois da cirurgia o hormônio continuou acelerado e eu continuei crescendo.
— Mesmo depois da cirurgia o hormônio continuou acelerado e eu continuei crescendo.
Na realidade, a dor já faz parte da vida do vigia, que teve que se aposentar e vive com ajuda do auxílio do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
— Já aprendi a conviver com a dor. Só tomo o remédio quando é extremamente necessário. A medicação é muito forte e pode causar outros problemas no meu corpo, por isso eu tento aguentar sem a medicação.
— Já aprendi a conviver com a dor. Só tomo o remédio quando é extremamente necessário. A medicação é muito forte e pode causar outros problemas no meu corpo, por isso eu tento aguentar sem a medicação.
Abalo psicológico
O tom de voz seguro e a simpatia durante a entrevista ao R7 mostram que Gilberto é daqueles que cumprimentam até quem passa na rua, mesmo sem conhecer, mas o preconceito e os pré-julgamentos da sociedade atingiram o vigia.
O tom de voz seguro e a simpatia durante a entrevista ao R7 mostram que Gilberto é daqueles que cumprimentam até quem passa na rua, mesmo sem conhecer, mas o preconceito e os pré-julgamentos da sociedade atingiram o vigia.
Ele conta que muitas pessoas olham para ele “como se fosse uma aberração”.
— Muita gente olha para mim. Porque não é normal. Mas eu sou muito tranquilo. Não ligo para essas coisas. O importante é estar vivo. Eu tenho apoio da minha família. Já passei da idade de me importar com o que os outros acham ou deixam de achar de mim. Muita gente pergunta se eu sofri algum acidente, mas eu explico numa boa e não me importo com esse preconceito. Minha mãe e meu pai estão sempre juntos comigo. Tenho muitos amigos e conhecidos e eles me ajudam bastante.
Queridos leitores, o GH (Hormônio do Crescimento) é secretado pela Hipófise Anterior ou Adenohipófise durante toda a vida e tem como funções:
-Na Adolescência: promove o desenvolvimento e aumento de todos os tecidos corporais (faz Tecido Ósseo, Tecido Muscular, dos Órgãos Internos, age em todas as células e todos os tecidos do corpo);
-Após a Adolescência: aumenta a síntese de proteínas e elementos celulares;
-Diminui a utilização de carboidratos pelas células;
-Aumenta a mobilização de gordura para energia;
-Diminuição de hormônio (a Hipófise não produz hormônio): causando o Nanismo;
-Aumento de hormônio (a Hipófise produz muito hormônio): causando o Gigantismo.
O GH não atua diretamente, ele estimula o Fígado a produzir peptídeos chamados Somatomedinas que são responsáveis pelo efeito estimulante da Somatotropina. Esta, também promove um aumento da concentração de Glicose no sangue (o chamado Efeito Diabetogênico).
Tumores na Hipófise podem levar à produção excessiva de Somatotropina. Quando isso acontece na Infância ou na Adolescência, produz-se o Gigantismo.
-Portadores da Síndrome de Down não têm hormônio GH na Adenohipófise, por isso eles são de estatura baixa. A secreção deficiente do Hormônio do Crescimento na Infância produz o Nanismo Hipofisário, uma situação em que a pessoa apresenta baixa estatura, principalmente, devido ao pequeno crescimento dos ossos longos (anões e portadores da Síndrome de Down).
O GH quando ocorre no adulto, como as Cartilagens Epifisiárias não existem mais, há um crescimento das extremidades (pés, mãos, mandíbula, nariz). Esta condição é chamada de Acromegalia. Uma doença cônica causada pelo excesso de produção do Hormônio do Crescimento (GH).
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