domingo, 20 de dezembro de 2015

‘Não há paralelo na história da saúde pública’

Pesquisador da Fiocruz considera grave a epidemia de microcefalia que atinge o Brasil

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RIO — A maior crise em saúde pública dos últimos cem anos. Assim o vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Valcler Rangel, classificou a epidemia de microcefalia que atinge o Brasil. Após um debate promovido pelo jornal “Extra” sobre o assunto, Rangel falou ao GLOBO sobre a questão que preocupa o país.
Como o senhor classificaria a epidemia de microcefalia que ocorre no país?
Nos últimos cem anos, tivemos algumas grandes crises de saúde pública no mundo, entre elas a gripe espanhola, o surgimento da poliomelite e a varíola, mas a magnitude e o modo com que essa epidemia, apesar das incertezas, vem se apresentando não têm paralelo na história da saúde pública. Diria que é certamente uma das maiores crises, se não a maior que tivemos nos últimos cem anos.
O Brasil está preparado para enfrentar essa crise?
Ninguém no mundo pode estar preparado para uma situação dessa. Muitos (países) estão prestando atenção no Brasil. Estamos lidando com um fato desconhecido da ciência, não há outros cientistas no mundo que conhecem tanto o zika (e as complicações). O Brasil tem um sistema único de saúde e muito rapidamente conseguiu mobilizar todos os municípios em torno de um objetivo. Isso é uma vantagem. Conseguimos definir e captar a informação muito rápido. O ruim é que há ainda um desestruturação desse mesmo sistema, em função da falta de financiamento.
No momento, o que é mais urgente, do ponto de vista científico, para combater a doença?
Duas grandes urgências. Primeiro, o desenvolvimento de diagnósticos para que possamos saber exatamente o que a gestante tem e qual a diferença entre dengue, chicungunha e zika. Outra prioridade absoluta é ter um conjunto de técnicas para controlar o mosquito. Uma terceira prioridade é conhecer melhor a relação (do vírus) com a microcefalia. 

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