Mães com chicungunha podem transmitir a doença no parto
Para especialistas, contágio ocorre devido a contato com o sangue
POR MARCIO MENASCE / SELMA SCHMIDT 12/12/2015 5:00
RIO - Mulheres grávidas que estiverem com chicungunha durante o parto poderão transmitir a doença para seu bebê, segundo especialistas. A informação é mais uma para a lista de preocupação de gestantes, que já temem a microcefalia, uma malformação do cérebro que pode ocorrer em bebês cujas mães tiveram zika. As duas enfermidades, assim como a dengue, são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
De acordo com Carlos Brito, professor da Universidade Federal de Pernambuco e membro do comitê técnico do Ministério da Saúde para arboviroses (vírus transmitidos por artrópodes, como é o caso de mosquitos), o contágio do bebê se dá pelo contato com o sangue ao nascer. Isso pode ocorrer tanto em partos normais quanto em cesarianas. Brito, que é clínico geral, foi quem elaborou uma tabela divulgada pelo ministério para redes de saúde estaduais e municipais, diferenciando os sintomas e os graus de frequência de cada uma das três doenças transmitidas pelo Aedes.
De acordo com o infectologista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Kleber Luz, a média de contágio de crianças no momento do parto por chicungunha é de 50%.
- De acordo com as pesquisas, para cada dez gestantes com chicungunha durante o período do parto, cinco bebês nascem com a doença. A criança pode ter febre, hemorragia, convulsão e inflamação no cérebro, que pode levar ao coma e até matar - alerta Kleber Luz.
Segundo os especialistas, a maneira de prevenir a chicungunha é a mesma indicada para casos de zika e dengue.
- É fundamental combater os focos do mosquito, tirar a água de pratinhos de vasos de planta e de pneus velhos, além de eliminar qualquer outra água acumulada. É necessário evitar o contato com o inseto, fazendo uso de repelentes, telas nas janelas e roupas que cobrem o corpo - diz Luz.
Além dos relatos de chicungunha transmitida durante o parto, os casos não congênitos de bebês com o vírus também preocupam médicos e a Secretaria estadual de Saúde de Pernambuco.
Diferentemente de adultos, bebês que contraem a doença podem ficar com o corpo cheio de bolhas, que se transformam em feridas. Nas últimas semanas, 18 crianças de até 1 ano que apresentaram sintomas foram atendidas pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), ligado à Universidade de Pernambuco, da rede estadual de ensino. Exames laboratoriais confirmaram que três delas tiveram chicungunha. Os outros 15 testes ainda não ficaram prontos. Foram coletadas amostras de sangue e líquor (líquido da medula óssea)
- Esses bebês devem ter sido picados por mosquito, que transmitiu o vírus. Entre os sintomas, apresentaram bolhas, além de manchas vermelhas e febre - conta a infectologista Regina Coeli Ferreira Ramos, do Huoc, que espera ter o resultado dos exames destes 15 bebês na próxima semana. A profissional não acredita que os casos tenham relação com o zika.
Segundo o diretor de Controle de Doenças e Agravos da Secretaria de Saúde de Pernambuco, George Dimech, este ano foram notificados 1.193 casos de chicungunha no estado, em adultos e crianças. Desse total, até agora foram confirmados 240.
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