RIO — No Estado do Rio, dos 341 casos de mulheres grávidas com suspeita de terem contraído o zika, vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, 206 (60,4%) foram registrados na capital. Nas unidades de Laranjeiras e da Barra da Perinatal, uma das maiores maternidades privadas da cidade, foram feitas 45 notificações nos últimos 15 dias.
A Secretaria estadual de Saúde começou o levantamento em 18 de novembro, quando uma resolução tornou obrigatória a notificação de gestantes que, atendidas em setores de emergência, apresentaram manchas vermelhas (exantemas) e alterações neurológicas agudas. Segundo o obstetra Renato Sá, diretor do centro de diagnóstico das duas unidades da Perinatal, as notícias sobre os riscos de microcefalia em bebês têm causado pânico entre gestantes.
— As grávidas estão muito preocupadas. Agora, sintomas que não eram motivo de grande preocupação, como manchas vermelhas na pele, são logo associados à doença zika. Em boa parte dos exames clínicos, médicos não identificam sinais que justifiquem o temor; mesmo assim, cada caso é investigado. Notificamos, nas últimas duas semanas, uma média de três por dia — informou Sá.
MÉDICO: FALTAM INFORMAÇÕES
Para o médico, causa preocupação o fato de ainda existirem poucas informações cientificamente comprovadas sobre o efeitos do vírus zika no corpo humano.
— É a segunda epidemia que aflige as grávidas em menos de dois anos. Tivemos também a gripe H1N1. Elas estão em pânico porque sabemos muito pouco sobre o vírus. O zika só havia atingido países sem uma rede de vigilância epidemiológica capaz de uma investigação. Nosso país vai acabar sendo um local de ensaios para tratamentos — disse o obstetra.
Sá afirmou que é preciso dar tranquilidade às gestantes. O médico afirmou que, para isso, será necessária uma maior rapidez no exame que comprova se a grávida está com zika:
— O resultado do exame precisa sair rapidamente. Além disso, se for comprovado que uma gestante teve zika, ela precisa ser levada a uma unidade de saúde capaz de diagnosticar se o bebê apresenta sinais de microcefalia. E, em terceiro lugar, no caso de identificação da anomalia, a grávida deve ter acompanhamento permanente para cuidar bem de seu bebê.
No Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), foram feitas cinco notificações de casos suspeitos em uma semana.
— A população está alarmada, principalmente as grávidas. Algumas que buscaram atendimento estavam apenas com alergia — contou Alex Sander Coelho Ribeiro, coordenador médico da emergência do CHN.
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